“Neste momento são indicações e semelhanças com o modelo petrolífero do pré-sal formulado pelo Estrella”, afirmou Ildo Sauer, professor da USP e ex-diretor da Petrobrás. Na opinião dos dois especialistas, a descoberta das bacias de Sergipe/Alagoas e Norte/Foz do Amazonas reforça a posição geopolítica do Brasil
O professor Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobrás e titular do Instituto de Energia da USP, avaliou, durante encontro no último fim de semana, com Guilherme Estrella, também ex-diretor da Petrobrás e responsável pela descoberta do pre-sal, que a riqueza da bacia de Sergipe/Alagoas até a bacia Norte/Foz do Amazonas, vai transformar o estado na nova fronteira de exploração de petróleo e gás do Brasil.
“Neste momento são indicações e semelhanças com o modelo petrolífero do pré-sal formulado pelo Estrella. Achamos, Estrella e eu, que devem ser aprofundados os estudos e preventivamente declaradas como áreas estratégicas”, disse Ildo Sauer, em entrevista ao HP. “Há semelhança no processo geológico de formação do pré-sal no período de separação da África da América do Sul, 600 a a 150 milhões de anos”, acrescentou.
Os dois especialistas se reencontraram e fizeram um brinde de otimismo, esperança pelo futuro do Brasil. “Precisamos investigar fazendo investimentos para obtenção de dados que permitam consolidar modelo do sistema petrolífero, de forma semelhante ao que ocorreu com pré-sal”, destacou Ildo, chamando a atenção para o fato de que “os fenômenos foram semelhantes.”
Na opinião do professor Ildo Sauer e de Guilherme Estrella, a descoberta reforça a posição geopolítica do Brasil. “Nem precisaria disso para avançar a posição geopolítica do Brasil. Com o pré-sal conduzido estrategicamente podemos chegar a isso também”, afirmou Ildo Sauer. “Não podemos negligenciar essas duas possibilidades complementares”, assinalou o professor da USP, ao defender a declaração da nova bacia como área estratégica.
Ildo argumentou que “os recursos fósseis vão permitir o desenvolvimento sustentável, além do regaste da pobreza e a transição energética para as renováveis”. Ele destacou um conceito original de desenvolvimento sustentável. “Garantir as necessidades da geração atual, sem precluir as possibilidades das gerações futuras de terem suas necessidades asseguradas”, disse.
A Bacia de Sergipe-Alagoas está localizada na costa leste brasileira compreendendo os estados de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Situada entre os paralelos 9° e 12°S, tem forma alongada na direção N45°E (Figura 1). É limitada ao norte pela Bacia Pernambuco-Paraíba através do alto de Maragogi e ao sul pela Bacia do Jacuípe. O limite oeste, com o embasamento cristalino pré-cambriano, é marcado por sistemas de falhas normais com trend geral NE.
Segundo a Petrobrás, a Bacia de Sergipe-Alagoas, a 100 km da costa, em profundidades que chegam a 3 mil metros, possui reservas substanciais e um horizonte de produção promissor. A estatal revela que o projeto da Bacia de Sergipe-Alagoas é consistente “com nossa estratégia de focar em ativos em águas profundas com elevado potencial de geração de valor, resiliente a cenários de baixos preços de petróleo e com baixa emissão de carbono por barril produzido”.
A programação da Petrobras prevê a instalação na área de uma nova plataforma de produção em 2026. Os investimentos nessa nova fronteira abrirão uma série de oportunidades para a indústria e, como consequência, ampliarão a geração de empregos, impostos e tributos na região.