O professor Ildo Sauer, vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás, afirmou, em palestra sobre a privatização da Eletrobrás, realizada no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, na quinta-feira (17), que o governo não tem legitimidade nenhuma para vender uma empresa estratégica como a Eletrobrás. “É impressionante achar que um governo que é rejeitado por 90% da população tem a audácia, a ousadia de propor o que está sendo debatido aqui”, disse ele.
“É verdade que nas duas e meia ou três décadas, impressionantemente, nós conseguimos atacar de maneira extremamente vil, os instrumentos que foram construídos anteriormente que poderiam e deveriam ter sido utilizados de maneira eficaz na área de energia para transformar efetivamente a sociedade brasileira numa sociedade mais justa, mais igualitária, mais solidária, mais humana, produzindo melhores condições materiais de vida e de existência”, observou o especialista. Participaram também do seminário, Renato Queiroz, diretor do Instituto Ilumina e pesquisador do grupo de economia da UFRJ e James Bolivar, diretor do Clube de Engenharia.
O professor Ildo Sauer lembrou que “a Petrobrás, a Vale do Rio Doce, a Eletrobrás, as telecomunicações, tudo isso foram instrumentos criados ao longo da nossa história, e que a partir de 2002 poderiam ter sido instrumentalizados, potencializados e fortalecidos, mas infelizmente, também neste período, nós seguimos a mesma trajetória anterior e progressivamente nos prostramos e nos subordinamos a um conjunto de interesses que não são de nenhuma maneira os interesses do conjunto da sociedade brasileira e do povo brasileiro”.
Ele falou da resistência contra o neoliberalismo e chamou a atenção que essa corrente que começou com Collor e seguiu com FHC, foi derrotada exatamente por conta do desastre energético. “A nau neoliberal naufragou exatamente no setor de energia, porque o modelo proposto da mercantilização levou à contradição interna que impediu até mesmo a expansão do sistema. O Banco Mundial dizia que as estatais não podiam investir e a velha trajetória da Eletrobrás foi interrompida para dar espaço a outros interesses e, tudo isso levou ao racionamento e tudo chegou ao fim”, destacou o professor Sauer.
“Temos que continuar resistindo. Nós não só resistimos no passado, como os derrotamos”, lembrou Ildo Sauer. “Lamentavelmente deu no que deu. Nós aqui todos temos pesadelos mais longos e mais curtos sobre tudo isso. Agora, o herdeiro final deste pesadelo não deixa de ser Temer. Ele não foi vice-presidente dos tucanos nem dos marcianos”, assinalou. O professor lembrou que “Temer usurpou o poder e aprofundou um processo de traição que vem de 2014 e 2015 para cá pelo menos. Quando se propõe um programa para a população, pratica o da oposição e é rejeitada pelos dois lados e daí surgem os gângsters”. “O governo brasileiro hoje é formado por uma nata de gangsterismo brasileiro e mundial”, denunciou.
Ildo destacou que “nós conseguimos resistir à privatização no Paraná e, depois, com a ajuda do Itamar Franco, derrotamos os tucanos e a CESP ficou de pé”. “Quem privatizou as usinas da CESP e do Paraná não foram os tucanos”, frisou. “Podemos resistir até outubro e, vamos propor que qualquer governo desfaça tudo o que este governo fizer. A começar pela Petrobrás, as privatizações horrorosas dos gasodutos que nós construímos, que são essenciais e que foram entregues a preço de banana para a herdeira da antiga Light”, prosseguiu Sauer. Ele falou também das criminosas entregas dos campos de petróleo.
O professor destacou também que houve a instrumentalização e a criminalização da gestão das estatais e que isso trouxe problemas sérios para elas. “Isso foi feito por um governo que jamais deveria ter permitido que isso acontecesse. Isso tem que ser dito. Tem que se fazer autocrítica senão não se vai a lugar algum”, completou Ildo Sauer.
Assista o vídeo com a íntegra da palestra
https://www.facebook.com/sergio.cruz.33/videos/2188739547833351/
Professor Ildo Sauer: o senhor está coberto de razão, portanto concordo integralmente com o que foi dito acerca da privativação da Eletrobrás, vamos a luta contra este desgoverno.
Até quando vamos colocar poder nas mãos de bandidos??