O Instituto Ilumina, questionou a justificativa apresentada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) para o apagão que deixou o país às escuras no último 21 de março.
Segundo o ONS, órgão do governo federal responsável sobre o sistema elétrico brasileiro, uma “falha humana” causou a interrupção do fornecimento da energia da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, o que gerou o blecaute no país.
De acordo com Luiz Eduardo Barata, diretor geral do órgão, houve erro na instalação do disjuntor, que não deveria “abrir” (deixar de conduzir energia).
“No disjuntor deveria ter apenas um alarme, não precisa ter abertura, depois do alarme se reduz a geração na mão. Indevidamente, tinha uma ordem de abertura no valor indevido”, disse Barata. “Alguém programou esse ajuste e o ajuste foi indevido”, reafirmou.
Para o Ilumina, colocar a culpa em um “técnico” é a saída fácil para justificar a lógica privatista. Segundo o instituto, o que existe é uma “fragmentação do sistema”.
Abaixo, a Análise do Ilumina sobre o tema:
Para um desligamento da energia de mais da metade do país com retorno após mais de 6 horas, a explicação é de que “alguém” fez um ajuste indevido num disjuntor.
Numa sociedade assoberbada com tantas más notícias, a explicação serve. Qualquer coisa serve! Mas, se imaginássemos sermos um país que se preza, evidentemente está tudo muito mal esclarecido.
O ILUMINA só tem a dizer o seguinte: Os modelos adotados no Brasil têm a característica de complicar coisas simples e encarecer o que deveria ser barato. Tudo parece muito complexo, mas essa “indústria” é do século passado. Tudo se resume a turbinas que giram transformando energia do movimento em energia elétrica transportadas por fios até os consumidores. A teoria física remonta ao século 19. Seu controle está baseado na observação da frequência da corrente transmitida. Quando energia em demasia é gerada, a frequência de 60 Hz sobe e uma redução pode ser feita quase de imediato. O inverso também ocorre. Se a frequência cai, mais geração é necessária. Apesar da simplificação, a essência é essa.
O Brasil, por características exclusivas de sua geografia, construiu um sistema que integra todas as usinas num único sistema com grandes vantagens. Quanto mais coordenado, melhor. Mas, em nome da ideologia da privatização de tudo, essa coordenação que deveria ser rígida, vai sendo substituída pela fragmentação. Hoje temos vários donos de usinas e linhas com equipes distintas que, por força da física da eletricidade, têm que se encontrar nas subestações, os nós onde as linhas se encontram. Daí já é possível imaginar os conflitos que podem ocorrer.
Mas essa não é a única fragmentação da teoria eletromagnética de Maxwell! O ONS opera um sistema que não foi planejado por ele. As definições técnicas e seus respectivos custos são definidos em tempos diferentes da operação real. Para completar, todas as contas dessa confusão são feitas por outro órgão. Nem o operador e nem o planejador. Mais órgãos….mais custos.
É possível fazer direito mesmo assim? É! Mas, como diz o presidente do ONS, “Se estivesse como o planejado você teria dois barramentos. Se o sistema estivesse completo, não aconteceria”.
Portanto, fazemos mal e vamos consertando aos poucos. Mal e mais caro.