Imelda Marcos, esposa do ditador já morto das Filipinas, Ferdinand Marcos, que ficou conhecida pelas cenas em que mostrava pela televisão internacional a sua coleção de mais de mil pares de sapatos feitos a medida, acaba de ser condenada em Manila por uma série de acusações de corrupção.
A já anciã de 89 anos tinha escapado até o momento de responder pelo crime de criar fundações para ocultar as fortunas roubadas ao orçamento nacional durante a longa permanência no governo de seu marido nos anos sessenta, setenta e oitenta.
O Tribunal Especial Anticorrupção a considerou culpada em sete casos e pode sentenciá-la em até 42 anos de prisão. Imelda Marcos não se apresentou nas audiências e a Corte emitiu uma ordem de prisão em seu nome.
Durante o período mais violento do regime de Marcos, entre 1972 e 1981, 3.240 pessoas foram mortas, outras 70 mil presas e pelo menos 34 mil torturadas, de acordo com a Anistia Internacional.
O tribunal especializado em questões de corrupção financeira do arquipélago asiático também condenou a ex-primeira-dama a pagar US$ 200 milhões aos cofres públicos. O processo, que já dura duas décadas, investigou as fundações criadas por Marcos na Suíça entre 1968 e 1986.
As acusações foram apresentadas em 1991 quando ficou público que a mulher do ditador era titular das várias fundações na Suíça que tinham canalizado dinheiro desde as Filipinas. Ela foi ministra de Estado e governadora de Manila, nomeada pelo seu marido. Durante os 21 anos em que Ferdinand Marcos esteve no poder, o casal teria roubado mais de US$ 10 bilhões de recursos públicos.
Desde a queda do ditador em 1986, o governo filipino recuperou só 615 milhões de dólares em várias contas internacionais. Apesar de que o atual presidente Rodrigo Duterte em várias ocasiões elogiou Ferdinando Marcos e chamou o seu regime de “uma época de ordem”, não conseguiu impedir as ações contra os desmandos realizados por ele.
Duterte repatriou os restos de Marcos e os enterrou no Cemitério dos Heróis da capital, e apoiou seus filhos em candidaturas a senadores. A mesma Imelda é hoje deputada nacional. A continuidade dos processos está sendo acompanhada pela oposição e organizações sociais para impedir que, mais uma vez, sejam engavetados.