Nos primeiros 45 dias deste ano, mais de 18 mil venezuelanos cruzaram a fronteira do estado de Roraima, e apenas 3,5 mil retornaram ao seu país. Em Paracaíma, cidade fronteiriça, por dia entram 600 imigrantes e, de acordo com dados da prefeitura de Boa Vista, já são mais de 40 mil venezuelanos vivendo na capital do estado, o que representa mais de 10% dos seus 330 mil habitantes.
Roraima está recebendo um grande fluxo de venezuelanos desde 2015. A crise política, econômica e social do país trás pessoas fugindo da fome, falta de emprego, da hiperinflação, falta de serviços de saúde. Três dos quatro abrigos do estado estão lotados, e há milhares de venezuelanos em situação de rua. Em dezembro, o estado decretou situação de emergência.
A maior parte dos venezuelanos que entram por Paracaíma vai para Boa Vista e enfrenta um deslocamento difícil, parte dos imigrantes percorre a pé os mais de 200 quilômetros até a capital.
“Famílias com crianças pequenas fazem o trajeto caminhando durante dias em uma estrada perigosa, já que muitas vezes não há acostamento. O táxi-lotação cobra cerca de 50 reais, o que é muito para quem chega sem dinheiro, fugindo da fome”, explica Camila Asano que é membro do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CDNH) e participou no fim de janeiro de uma missão para avaliar a situação dos da acolhida dos imigrantes venezuelanos em Roraima, Pará e Amazonas.
Para Camila, o governo federal demorou muito para assumir a responsabilidade frente ao fluxo de imigrantes venezuelanos. “A gestão migratória é de competência federal. Espero que eles não foquem tanto nesta questão de controle de segurança, a prioridade é a questão humanitária. O importante é conseguir que esses imigrantes consigam se inserir na sociedade”, explica.
TEMER
Michel Temer foi recebido com muitas vaias durante uma visita à sede do governo estadual de Roraima, no último dia 12. Um grupo com cerca de 100 manifestantes pediu a saída de Temer e se manifestou contra a privatização da Eletrobrás, as reformas trabalhista e previdenciária.