“A empresa tem um dos menores custos de produção do mundo e cerca de 80% do diesel é nacional. Só 20% do custo é de fora. Não faz nenhum sentido cobrar preços como se todo o diesel fosse importado”, afirma o economista
Os grupos importadores de combustíveis já começam a pressionar pelo aumento dos preços que a Petrobrás deve cobrar pelos seus derivados no mercado nacional. A alegação é de que o dólar e o preço do petróleo estaria subindo e que, por isso, a Petrobrás tem que aumentar os seus preços. Já falam até que a defasagem teria superado 21%, insistindo em retornar com a paridade de preços de importação (PPI), método de cálculo de preços que vem esfolando os brasileiros nos últimos anos.
Para o economista Aurélio Valporto, presidente da Abradin (Associação Brasileira de Investidores), esta é uma pressão de lobistas que estão apenas querendo embolsar mais lucros. “A suposta defasagem alegada por um pequeno grupo, que se beneficia com o aumento dos preços dos combustíveis em detrimento de todo o país, não existe”, denuncia o especialista.
“Em primeiro lugar”, prossegue Valporto, “porque a Petrobrás tem um dos menores custos de produção do mundo e cerca de 80% do diesel é nacional. Então, apenas 20% do custo é de importados”. “Não faz nenhum sentido cobrar preços como se todo o diesel fosse importado. No caso da gasolina, apenas cerca de 10% é importada”, aponta.
“Esta é uma pressão feita por especuladores para que a Petrobrás aproveite essa conjuntura internacional para aumentar seus já gigantescos lucros”, acrescenta o dirigente da Abradin. “Os custos de produção da empresa não aumentaram nesta proporção”, observa.
“A Petrobrás é a maior fornecedora de energia do Brasil, através de seus combustíveis. E energia mais cara não resulta apenas em mais inflação, mas também mais desemprego e menor renda real para o povo brasileiro. A suposta defasagem, alegada por um pequeno grupo que se beneficia com o aumento dos preços dos combustíveis em detrimento de todo o país, não existe”, destacou Valporto.
“Em segundo lugar”, prossegue o economista, “a taxa de câmbio atual é meramente especulativa e não reflete a paridade do poder de compra do real, que está entre 4,20 e 4,30 e não entre 5,20 e 5,30. Essa taxa de câmbio artificial deveria ser combatida de forma mais incisiva pelo Banco Central, que está sentado em mais de 350 bilhões de dólares em reservas”.
“E em terceiro lugar, porque a paridade a ser buscada pelo Brasil deve ser aquela praticada pelas petroleiras de seus pares internacionais. Pelos grandes produtores e exportadores de petróleo, como é o caso da Rússia. Lá o litro do diesel nas bombas está na casa dos R$ 3,60 e a gasolina, próximo aos três reais”, apontou Aurélio Valporto.