Querem continuar na mamata obrigando a estatal a praticar preços elevados, além de defenderem a privatização do parque nacional de refino
O cartel de importadores de combustíveis quer impor o retorno da política de Paridade de Preços de Importação (PPI) na Petrobrás, por meio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Os importadores de combustíveis estão fazendo pressão para retorno do PPI, prática extinta na Petrobrás em maio, que atrela os preços dos combustíveis no mercado interno às variações do dólar e do barril do petróleo no mercado internacional, também embutida os custos do importador, fazendo com que os preços dos combustíveis explodissem no país desde sua implantação em 2017.
O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araújo, disse em reportagem da revista Veja, divulgada no domingo (2), que a entidade irá acionar o Cade alegando práticas anticoncorrenciais por parte da estatal. “Nós acreditamos que o Cade está atento a isso e estamos na expectativa de um posicionamento deles”, diz Araújo.
A Abicom também quer que a Petrobrás cumpra o “acordo” firmado entre a antiga gestão bolsonarista na estatal e o Cade, em 2019, que prevê a venda de oito das 13 unidades de refino da petroleira. Deste acordo espúrio, que tem como objetivo acabar com o monopólio e soberania nacional sobre o setor de refino no Brasil, foram privatizadas as refinarias Rlam (Bahia), a Reman (Amazonas) ; a SIX (PR), e a Lubnor (CE).
O governo Lula quer reverter esse acordo com o Cade, já que seu objetivo é retomar os investimentos na Petrobrás para ampliar a capacidade de refino no Brasil. Em maio, a nova gestão da Petrobrás deu início a nova política de preços da estatal, dando fim à prática do PPI.
Na avaliação do presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, essa política que obrigava a estatal a praticar os preços dos importadores, não tem lógica para o Brasil que é “autossuficiente em petróleo e quase autossuficiente em refino”. “[Nosso país] não pode estar na mesma situação que o Japão, que não produz uma gota de petróleo, ou Vanuatu, que nem refinaria tem”, disse Prates ao comentar o novo modelo de preço da petroleira.
Com a nova política de preços, a Petrobrás vem realizando cortes nos preços dos combustíveis vendidos por suas refinarias às distribuidoras. Os últimos anúncios foram feitos na sexta (30/6) para os preços da gasolina e do gás de cozinha. No caso da gasolina, desta vez o corte foi de R$ 0,14 por litro. Assim, o litro do combustível passou de R$ 2,65 para R$ 2,52, uma queda de 5,3%.
Já o preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido popularmente como gás de cozinha, foi reduzido em R$ 0,10 por kg, o que corresponde a uma queda de 3,9% no seu preço médio de venda para as distribuidoras, que passará de R$ 2,5356 para R$ 2,4356 por kg, equivalente a R$ 31,66 por botijão de 13kg.