Percentual de famílias inadimplentes com até 3 salários mínimo atingiu 38,6%. Presidente da entidade alerta para os “juros elevados do cartão de crédito, principal modalidade de endividamento e imprescindível para o comércio e os serviços”
Em setembro, o percentual de brasileiros inadimplentes, com dívidas atrasadas, chegou a 30,2%, sendo a maior proporção no país desde novembro de 2022, informou nesta quarta-feira (11) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da entidade apontou, ainda, que o percentual de famílias endividadas no país ficou em 77,4% no período, mesmo resultado de agosto.
Já o número de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas de meses anteriores e, por isso, permanecerão inadimplentes, subiu para 13% do total de endividados no país – em agosto, o índice estava em 12,7%. Este é o maior porcentual da série histórica da pesquisa, iniciada em 2010.
A CNC alerta que os indicadores de inadimplência seguem acelerando entre as famílias de baixa renda. A proporção de inadimplentes que recebem até 3 salários mínimos aumentou para 38,6% em setembro. No mesmo período do ano passado, esse contingente foi estimado em 37,9%.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “preocupa o aumento do índice nas faixas de renda mais baixa e, inclusive, com tendência de aumento da inadimplência dessas famílias”. Tadros ressaltou que “os desafios persistem especialmente em relação aos juros elevados do cartão de crédito, principal modalidade de endividamento do brasileiro, imprescindível para o comércio e os serviços”.
Com o Banco Central sustentando a taxa de juros básica (Selic) em patamares elevados, hoje em 12,75% ao ano, as demais taxas de juros do mercado de crédito seguem em níveis proibitivos, como no caso da taxa cobrada nos juros do rotativo do cartão de crédito (445,7% a.a em média).
“Nas modalidades de dívida, o cartão de crédito voltou a ganhar participação no volume de endividados em setembro, relativamente ao mesmo mês do ano passado, representando 86,7% do total de devedores”, afirmou a economista e responsável pela pesquisa, Izis Ferreira. No mês, “o uso do cartão implicou na alta do volume de endividados em todos os grupos de rendimento”, ressaltou a analista.