“Juros no país ainda são muito altos”, destaca presidente do SPC
O número de inadimplentes no país atingiu 66,96 milhões, ou ainda, quatro em cada dez brasileiros adultos (40,83%) estavam negativados em janeiro de 2024. Esse resultado incorpora a variação 3,78% de aumento das pessoas com contas em atraso na comparação com janeiro de 2023.
Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, o número de brasileiros sem condições de pagar as contas cresceu 0,75%. Os dados fazem parte do Indicador realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
“Apesar da queda, os juros no país ainda são muito altos. Sabemos que o governo federal tem se empenhado em diminuir o endividamento das famílias, mas o programa Desenrola ainda não surtiu o efeito desejado, apesar de ter mais de R$ 30 bilhões em dívidas renegociadas. Lembramos que, em média, há mais de duas dívidas por devedor, ou seja, por mais que ele consiga pagar uma dívida, continua inadimplente por ter outra”, aponta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.
São computados no estudo, os que estão em atraso há um mês até 60 meses (cinco anos). O crescimento do indicador de inadimplência anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 1 a 3 anos (21,10%), neste mês de janeiro, ou seja, aumenta a inadimplência de prazo longo.
A soma dos inadimplentes nas faixas de um a três anos, de três a quatro anos e, ainda, a faixa de quatro a cinco anos representam 72,48% ou 48,53 milhões dos inadimplentes. Sendo que as dívidas em atraso dessas pessoas, pelo prazo de atraso, difíceis de recuperação.
As duas últimas faixas somadas com 32,61% ou 21,84 milhões de inadimplentes, ou seja, dívidas comercialmente incobráveis, que demonstram a dificuldade das pessoas em quitar seus débitos, pelo achatamento da renda, a precarização das condições de trabalho e golpe final com as taxas de juros alucinadas contra o consumidor. A maior parte da das dívidas são com bancos.
Em janeiro de 2024, o tempo médio de atraso foi de 26,8 meses. Cada consumidor negativado devia, em média, R$ 4.388,21 na soma de todas as dívidas. Além disso, cada inadimplente devia, em média, para 2,10 empresas credoras, considerando o total das dívidas.
Chama a atenção que 44,62% das dívidas são de pessoas nas faixas etárias de 30 a 39 anos e 40 e 49 anos. As faixas mais representativas da mão de obra na economia. Adultos, na maioria mulheres e homens, pais e mães, chefes de família.
As dificuldades econômicas das famílias são ainda mais evidentes. As dívidas de alguns reais até R$ 1.000,00 representam 44,59% das dívidas. Água e luz representam 11,33% de contas em atraso. Os outros credores são Bancos, com 64,02% do total, o setor de Comércio com 11,20%, entre outros.