
“Preços elevados em itens essenciais, o alto endividamento das famílias e os juros elevados agravam esse cenário preocupante”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa
A inadimplência da população brasileira atingiu recorde histórico em abril, segundo pesquisa mensal realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). De acordo com o Indicador de Inadimplência, divulgado pelas entidades na quarta-feira (14), atualmente, quatro em cada dez brasileiros estão com dívidas em atrasos, o que representa 70,29 milhões de pessoas.
O número é 4,59% maior do que o apurado em abril de 2024. Na comparação com março deste ano, o número de inadimplentes cresceu 1,09%.
“O novo recorde histórico de inadimplência evidencia a crescente dificuldade do brasileiro em equilibrar o orçamento no fim do mês. Apesar da leve melhora nos índices de renda e na redução do desemprego, esses avanços não têm sido suficientes para conter o aumento das dívidas. A combinação de preços elevados em itens essenciais, o alto nível de endividamento das famílias e a trajetória de alta da taxa básica de juros contribuem diretamente para o agravamento desse cenário preocupante”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
O setor bancário concentra a maior parte das dívidas, com 66,95% do total. Em comparação com o ano passado, houve aumento de 12,41% de dívidas não pagas com os bancos. Isto inclui dívidas de cartão crédito, empréstimo pessoal, cheque especial e financiamentos – todas sujeitas às abusivas taxas de juros cobradas pelo setor financeiro, que tem como referência a Selic (taca básica de juros), atualmente em 14,75% ao ano.
Na sequência da lista de credores, estão as dívidas com os serviços básicos (Água e Luz), que concentram 9,78% das contas em atraso. No entanto, houve redução de 5,32% no número de devedores das contas de serviços básicos em comparação com o ano passado. Logo após vem o Comércio, concentrando 9,64% das dívidas (-2,03% ante abril de 2024) e Outros, com 8,14%.
“O recorde na inadimplência não pode ser enfrentado apenas com medidas pontuais. Ele evidencia a urgência de uma abordagem estruturada por parte do poder público e das instituições financeiras. Parte da solução está na educação financeira, mas é indispensável que o governo atue para promover maior estabilidade econômica, com políticas de controle da inflação que não dependam exclusivamente do aumento da taxa de juros”, destacou em nota o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.