64,90% do total das dívidas são com bancos que impõem altas taxas de juros. “Prioridade acaba sendo o pagamento daquelas contas que sofrem cortes no fornecimento como internet, telefone, água e luz”, segundo o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
Vítimas dos juros altos, o número de inadimplentes no país chegou a 68,76 milhões de consumidores em maio, mantendo o recorde da série histórica da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) verificado em abril.
“Quatro em cada dez brasileiros adultos” ou “41,79% da população adulta do país está inadimplente”, destaca a CNDL, em nota.
Em maio, cada consumidor negativado devia R$ 4.445,19, em média, na soma de todas as dívidas. A sondagem da CNDL/SPC Brasil também revela que 30,70% dos consumidores têm dívidas no valor de até R$ 500. O “percentual chega a 44,72% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000”, destaca a entidade.
Apesar dos programas de incentivo governamental para os consumidores limparem os seus nomes, como Desenrola Brasil do governo federal – encerrado em maio deste ano – por exemplo, os brasileiros seguem encontrando dificuldade para sair da inadimplência frente à redução de renda e os juros altos.
Neste ambiente, “a prioridade acaba sendo o pagamento daquelas contas que sofrem cortes no fornecimento dos serviços como internet, telefone, água e luz”, explica o presidente da CNDL, José César da Costa. No mês, as dívidas ligadas a serviços de água e luz cresceram 1,63% na base anual (maio deste ano contra maio de 2023). Esta modalidade de dívidas representa 10,88% do total dos débitos.
Por setor, os bancos concentram – a largos passos – a maior parte das dívidas, 64,90% do total. As dívidas com esse setor avançaram 1,03%, na variação anual.
A situação da inadimplência no país deve piorar nos próximos meses por conta da paralisação nos cortes da taxa básica de juros da economia (Selic), definida em decisão, unânime, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), na última quarta-feira (19).
Com as influências da alta Selic e do baixo nível de inflação, os juros reais voltam a aumentar encarecendo não só o crédito ao tomador, mas também os serviços das dívidas das empresas, consumidores e governo.
O Brasil, com uma taxa de juros reais em 6,79% ao ano, é o segundo maior cobrador de juros do planeta, conforme o ranking mundial de juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses), apurado pelo site MoneYou.