Um incêndio de grandes proporções no centro de São Paulo, no largo do Paissandu, centro da capital paulista, causou o desabamento de um prédio de 24 andares, ocupado por moradores sem teto, na madrugada desta terça-feira (1). O prédio, que pertencia a União e era uma antiga sede da Polícia Federal, estava vazio desde 2006.
Moradores do prédio que desabou afirmam que o incêndio começou por volta da 1h30 após uma explosão no quinto andar. Eles desconfiam que se trate de um botijão de gás. Após a explosão, houve fogo e fumaça pelo prédio. A costureira Iraci Alves disse que estava no prédio quando o fogo começou. “Foi uma explosão muito forte. Saí só com a minha roupa”. Ela afirmou que parte interna do prédio era de madeira e, por isso, o fogo se alastrou muito rápido.
O coronel Max Mena, do Corpo de Bombeiros, afirmou que o homem que caiu quando o prédio desabou já estava com equipamento de segurança para ser resgatado.
Ainda na madrugada, ele chegou a ser considerado morto, mas pela manhã os bombeiros esclareceram que fariam buscas. No meio da manhã, a corda e o cinto usados para resgatar a vítima foram encontrados nos escombros.
“A experiência diz que não é fácil encontrar alguém com vida”, comentou o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros em São Paulo.
Os bombeiros chegaram a dizer que havia possibilidade de outras três pessoas estarem desaparecidas, mas ainda não foi divulgado um balanço oficial.
Incêndio afetou dois prédios vizinhos, mas não há risco de desabamento. A região foi isolada houve interdições no trânsito nas imediações do Largo do Paissandu e linhas de ônibus foram desviadas
A queda do prédio destruiu também grande parte da sede da Igreja Luterana do Brasil, a construção, de mais de 100 anos ficava ao lado do prédio que pegou fogo.
Ainda durante a madrugada, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB) também foi ao local e disse que as famílias desabrigadas serão cadastradas e levadas para abrigos, e também podem se candidatar a receber aluguel social para procurarem um novo lugar para viver.
A prefeitura afirmou que 248 pessoas estão sendo atendidas e estima que trabalho de retirada dos escombros deve durar uma semana.
ESCORRAÇADO
Temer (PMDB), que estava em São Paulo, foi ao largo do Paissandu horas depois do incêndio. Hostilizado por todos os que estavam em frente à tragédia, deixou o local às pressas. O carro em que estava o presidente foi chutado e atingido por objetos arremessados por moradores e deixou o local às pressas. “Não poderia deixar de vir, sem embargo dessas manifestações, a final estava em São Paulo e ficaria muito mal não comparecer”, disse Temer, sob gritos.
FAMÍLIAS
Moradores da ocupação tiveram que deixar para trás documentos, eletrodomésticos e animais de estimação quando o incêndio começou. A dona de casa Deise Silva, 31, mãe de sete filhos, conta que a família estava dormindo quando o fogo teve início. Moravam no prédio havia um mês. “Escutei gritos, achei que tinha gente brigando”, diz ela, que mora com cinco filhos, a mais nova de um ano. “Quando falaram que tinha fogo, acordei as crianças e saí correndo.”
Pelo menos quatro pessoas estão desaparecidas no local onde um prédio desabou após incêndio, no Centro de São Paulo. Um homem era resgatado com ajuda de uma corda quando o prédio veio abaixo em chamas. Uma mulher e crianças gêmeas estão na lista das vítimas procuradas pelos bombeiros, segundo informações da GloboNews.
“O prédio desceu, parecia um tsunami”, lembra a dona de casa Maria Aparecida de Souza, 58, que morava no quarto andar havia quatro anos. “Não deu para tirar nada.” O aposentado Miguel Angelo se machucou na mão com estilhaços de vidro da janela. “Acordei e a energia tinha acabado. Foi uma gritaria, uma correria”, lembra.
Cerca de 150 famílias viviam no lugar, segundo moradores. Cada família tinha um quarto e os banheiros ficavam no corredor. As famílias pagariam uma taxa de R$ 160 por mês à coordenadora da ocupação para ter direito a um quarto no prédio, segundo uma moradora que não quis ser identificada.
O ferreiro Carlos Augusto Soares, 46, espera que a prefeitura ofereça abrigo para as famílias. Morador do lugar há quatro anos, conta que não conseguiu sequer salvar a sua gata de estimação durante a fuga.
Os moradores da ocupação questionaram a postura de parte dos representantes públicos de culpá-los por morar no prédio. O déficit habitacional de São Paulo é de cerca de 1,16 milhão de pessoas.