“Até agora, a França não tem provas que permitam dizer que esses drones vieram de um lugar ou de outro, e eu não sei se alguém tem provas”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, ao contestar a versão apresentada pela Arábia Saudita culpando o Irã pelo ataque que incendiou duas das principais refinarias sauditas.
Além de contestar a versão saudita, bancada pelos seus maiores fornecedores de armas, os Estados Unidos, Le Drian alertou para a insanidade solução bélica do conflito no Iêmen, cuja população sofre a maior crise humanitária deste século por conta da intervenção saudita e, ainda pior, um conflito armado com o Irã: “Precisamos de uma estratégia de redução da escalada na área, e qualquer medida que contrarie essa redução seria uma medida ruim para a situação na região”.
No dia 19, a premiê alemã, Angela Merkel, também se referiu à algaravia saudita-americana contra o Irã, afirmando que “não vê razão para mudança de posição”, na medida que suspendeu a venda de armas à Arábia Saudita. A decisão pelo embargo foi tomada quando chegaram as notícias do esquartejamento do jornalista Jamal Kashoggi perpetrado na sede do consulado saudita, em Istambul, em 2018. Merkel orientou a manutenção da proibição até março de 2020, declarando: “Nenhum novo contrato será assinado”.
A Rússia, em declarações no dia 19, através de seu ministro do Exterior, Sergei Lavrov, também denunciou as “acusações sem base contra o Irã”. Para ele tais acusações “sobre os ataques às refinarias estão apenas servindo para inflamar as tensões”.
Os representantes do governo russo estiveram reunidos recentemente com delegações do Irã e da Turquia exatamente para adiantar medidas consensuais com vistas a evoluir para a segurança e estabilidade na região do Oriente Médio. Agora, Lavrov reitera que “todos os países do Golfo devem sentar para conversas que consigam trazer distensão após o ataque às refinarias”.
Além dos europeus, o governo japonês também já se posicionou mostrando distância da versão saudita e norte-americana sobre o ataque próximo a Riad.
“Não temos conhecimento de nenhuma informação que aponte para o Irã”, declarou o ministro da Defesa, Taro Kono, em coletiva, na qual acrescentou: “Acreditamos que os houthis [nome pelo qual são conhecidos os líderes do governo popular iemenita] realizaram o ataque com base na declaração de responsabilidade”.
IEMENITAS ASSUMEM O ATAQUE: RESPOSTA A AGRESSÃO
Os líderes do governo popular iemenita, afirmam que são deles os drones que partiram para o ataque às refinarias. Afirmando a capacidade de construir tais artefatos, o portal Yemen Press apresentou uma série de fotos de uma exposição aberta no dia 7 de julho deste ano, onde são vistos diversos modelos de drones e mísseis que, segundo os iemenitas declaram, são de produção local.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo disse que o ataque às refinarias foi “um ato de guerra contra a Arábia Saudita” e foi se encontrar com o príncipe Bin Salman, o mesmo que comandou o esquartejamento do jornalista saudita e colunista do Washington Post, Jamal Kashoggi, e que é responsável pela agressão ao Irã, que já deixou 140.000 iemenitas atingidos entre mortos e feridos.
O Irã contestou categoricamente a versão que acusa o país pelo ataque. “Eles querem botar a culpa no Irã por algo que não fizemos, eu chamo isso de agitação para a guerra”, afirmou o ministro do Exterior do Irã, Javad Zarif.
Ele destacou que os iemenitas assumiram a responsabilidade pela ação “apesar da insistência dos Estados Unidos de que seria uma ação do Irã”.
“Estou fazendo uma declaração muito séria de que não queremos guerra; não queremos entrar em confronto militar”, enfatizou Zarif e prosseguiu, “mas nós vamos sequer piscar quando se tratar de defender nosso território”.
“Porém, qualquer ação militar baseada em falsas premissas de que o Irã estaria por trás dos recentes ataques a plantas sauditas de petróleo vai causar muitas baixas, vai levar a uma guerra total”, alertou.