O jornalista, escritor e ciberativista australiano Julian Assange, que se encontra refugiado na embaixada do Equador em Londres desde 2012, deixou recentemente o comando do WikiLeaks, mas permanecerá em sua equipe editorial, conforme informou o próprio portal.
Assange, que em 2006 fundou a página web de difusão de informação confidencial de governos e empresas, não poderá seguir na sua direção, pois está há seis meses “detido incomunicável” (salvo visitas de seus advogados), depois que o governo de Lenin Moreno – atendendo as determinações de Washington – ter restringido suas comunicações.
No final de março, a embaixada equatoriana cortou de Assange até mesmo o acesso à internet, depois de evitar que opinasse sobre temas de política de terceiros países, condição que persiste até o momento.
Conforme o WikiLeaks assinala, o australiano, que desde o fim do ano passado é naturalizado equatoriano, nomeou como novo “editor-chefe”, “enquanto permanecer arbitrariamente detido”, a seu íntimo colaborador e jornalista de investigação islandês Kristinn Hrafnsson”.
Manifestando seu compromisso e identidade com o projeto, Hrafnsson conclamou a todos a fortalecerem a ação desenvolvida em prol da verdade. “Condeno o tratamento dado a Julian Assange, que leva à minha nova posição, mas aceito a responsabilidade de garantir a continuidade do importante trabalho baseado nos ideais do WikiLeaks”, declarou o novo editor-chefe.
Aos 47 anos, Assange não abandonou a pequena sede diplomática desde 2012 por temer ser deportado pelas autoridades britânicas aos Estados Unidos, cujo governo quer que seja julgado – e condenado com a pena de morte – pela difusão, desde 2010, de numerosos documentos militares e diplomáticos de caráter confidencial.
O fundador do WikiLeaks obteve asilo do governo equatoriano depois que fracassou o processo legal no Reino Unido para impedir sua extradição à Suécia, que vinha alegando supostos delitos sexuais em uma causa jamais comprovada e que, finalmente, foi arquivada. Na ocasião, o governo Obama organizou um processo judicial secreto contra o ciberativista.
Assange combateu a extradição porque era evidente que apenas serviria para que a Suécia lhe entregasse ao governo norte-americano, mobilizado para revidar a publicação de milhares de comunicações diplomáticas comprometedoras de criminosas intervenções estadunidenses pelo mundo afora.
Embora as autoridades suecas tenham recuado, Londres manteve a perseguição contra Assange, alegando que este faltou a uma audiência no país. O governo inglês também recusou qualquer compromisso para não extraditá-lo aos EUA.
Conforme afirmou o documentarista australiano, John Pilger, o único crime de Assange foi expor como ninguém os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão. “Em toda a minha vida, nenhum jornalismo investigativo pode se igualar à importância do que o WikiLeaks fez ao convocar o poder para prestar contas”.
Segundo afirmou o jornalista Glenn Greenwald, em matéria publicada em junho pelo site The Intercept., o governo equatoriano não só trama o fim do asilo, como silenciou Assange respondendo à pressão norte-americana. “A grande questão”, salientou Greenwald, “é se os EUA irão indiciá-lo e buscar sua extradição”.
As relações entre o jornalista, que está sofrendo problemas de saúde, e o governo de Lenin Moreno vêm se deteriorando aceleradamente.
L.W.S.