Em sua primeira entrevista coletiva desde o incêndio no Centro de Treinamento Ninho do Urubu do Flamengo em 8 de fevereiro, o atual presidente do clube, Rodolfo Landim se queixou do valor das indenizações às famílias dos mortos. A tragédia deixou dez mortos e mais três feridos no dia 8 de fevereiro.
Landim culpou o que considera de “altos valores” pedidos até agora pelo Ministério Público do Trabalho e pela Defensoria Pública pela falta de acordo. Segundo ele, a “jurisprudência” não permite o pagamento das indenizações exigidas.
“O que foi colocado antes do processo de mediação foi um piso de discussão, que nós entendemos que é muito acima de toda e qualquer decisão que aconteceu. O Flamengo quer equacionar com valores acima, mas que já são o dobro da jurisprudência. O que não quer dizer que, se pedirem 10 vezes, 100 vezes o valor da jurisprudência, nós iremos aceitar”, disse Landim.
Ainda, o dirigente disse que o clube contratou um profissional para calcular os valores de pagamento às famílias baseando-se na jurisprudência de casos semelhantes, mas não revelou quais eram esses casos. As famílias contestaram o cálculo. O Ministério Público do Trabalho revelou na quinta-feira a oferta de indenização do Flamengo por tragédia: de 300 a 400 mil reais.
As famílias pedem os valores que foram propostos pelo MPT de R$ 2 milhões de indenização, mais uma pensão de R$ 10 mil mensais até o ano em que as vítimas completariam 45 anos. O Flamengo não aceitou.
NEGOCIAR SEPARADAMENTE
Landin afirmou que o clube quer negociar em separado com cada família o valor das indenizações. “A gente entende que deve conversar em separado com cada família. A gente não abre mão disso […] não posso garantir que todas vão seguir este caminho. Esta é a nossa vontade”, disse.
Na semana passada, o clube se recusou a fazer um acordo coletivo com as famílias das vítimas. O Ministério Público do Trabalho, em seguida, chegou a pedir o bloqueio de bens do Flamengo.
AUSÊNCIA
O Flamengo ficou 16 dias indisponível para esclarecer dúvidas da imprensa e da opinião pública. Durante duas semanas, o clube optou por comunicar-se por notas oficiais, além de quatro pronunciamentos, dois do presidente Landim, um do vice-presidente Rodrigo Dunshee e outro do CEO Reinaldo Belotti. Dunshee foi o único que se aventurou a responder os jornalistas, mas se irritou com questionamentos e abandonou a entrevista.
O clube foi intimado pelas autoridades para dar explicações e teve o CT interditado para menores de idade pela Justiça. O Ninho do Urubu continua aberto para trabalhos do time profissional, apesar de ainda não contar com o alvará do Corpo de Bombeiros e acumular notificações da Prefeitura do Rio.