A Índia comemorou no domingo (26), o Dia da República, data em que foi aprovada a Constituição que marca a independência do país, entre desfiles militares e enormes protestos rejeitando a emenda à Lei de Cidadania, cujos críticos denunciam como um ato de discriminação inaceitável contra os muçulmanos por parte do governo do primeiro-ministro, Narendra Modi.
Os organizadores divulgaram que até sete milhões de pessoas participaram da marcha, formando uma corrente humana de 620 quilômetros de extensão em todo o estado de Kerala, ao sudoeste do país.
A questionada emenda visa a regularização dos imigrantes procedentes de países vizinhos como Afeganistão, Paquistão e Bangladesh, que tenham chegado ao país antes de 31 de dezembro de 2014 e que pertençam ao hinduísmo, ao sikhismo, ao budismo, ao jainismo, ao parsismo e ao cristianismo. Mas a oposição aponta que exclui os muçulmanos, seguidores do Islã, apesar de que representam mais dos 10% da população da Índia, fato que poderia facilitar o caminho para deportações de milhões de adeptos dessa religião que se instalaram no país há bastante tempo, mas não têm regularizado sua situação ainda.
A Lei de Emenda à Cidadania (CAA), apoiada pelo Bharatiya Janata Party (BJP), partido do Primeiro- Ministro Narendra Modi, foi aprovada em dezembro do ano passado e cerca de 30 pessoas morreram em mais de um mês de protestos.
Líderes da oposição, organizações muçulmanas e grupos de estudantes se opõem a essa legislação e pediram à Suprema Corte da Índia que suspendesse a sua implementação até que as questões controversas da legislação fossem resolvidas.
Várias petições pendentes argumentam que uma lei que concede cidadania com base na religião vai contra os valores seculares consagrados na Constituição da Índia.
O tribunal superior deu ao governo quatro semanas na quarta-feira, 22, para responder a 144 petições que argumentam que a lei é ilegal.
O tribunal superior, no entanto, se recusou a suspender a implementação do CAA abrindo caminho para a continuidade dos protestos.