
Índia e Paquistão concordaram neste sábado (10) com um cessar-fogo “total e imediato” e terão nova reunião na segunda-feira (12), depois de quatro dias de escalada entre as duas potências nucleares asiáticas. Como resultado do anúncio, o Paquistão reabriu seu espaço aéreo para todas as aeronaves.
O cessar-fogo ocorre após ataques e contra-ataques mútuos que mataram pelo menos 60 pessoas e causaram um êxodo de milhares de suas casas na Caxemira dividida e ao longo da fronteira.
Os combates foram desencadeados por um ataque no mês passado no lado da Caxemira administrado pela Índia, em que 26 turistas indianos foram executados a sangue frio. Massacre pelo qual Nova Delhi responsabilizou o grupo terrorista Lashkar-e-Taiba, que tem sede no Paquistão, e o próprio governo de Islamabad.
O cessar-fogo foi mediado pelos Estados Unidos, com uma dezena de países empenhados em ajudar ambos os países a recuar da beira do abismo, entre eles Rússia, Turquia, Arábia Saudita, Reino Unido e União Europeia. A China, tradicional aliada do Paquistão, pedira “contenção às partes”.
Antonio Guterres, o secretário-geral da ONU, saudou o cessar-fogo acordado entre a Índia e o Paquistão como um “passo positivo para acabar com as hostilidades atuais e aliviar as tensões”. Antes de Trump anunciar o cessar-fogo pela sua rede Social Truth, seu vice, JD Vance, havia dito que o conflito “não era assunto dos EUA”.
Índia e Paquistão travaram várias guerras pela Caxemira, única região de maioria muçulmana que optou por ficar dentro da Índia, no processo de independência do domínio colonial britânico e partilha de território e populações em 1947. Daí a decorrente divisão da Caxemira entre uma parte indiana, outra paquistanesa e uma área menor chinesa.
Logo após o atentado, o ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif, admitiu o papel do Paquistão historicamente como fachada de operações dos EUA contra países vizinhos, de que o Afeganistão é o exemplo mais notório. Mas insistiu em que, dessa vez, seria uma operação de bandeira trocada contra o Paquistão, enquanto seu país pedia uma “investigação internacional independente”. Islamabad nega qualquer envolvimento.
Como agravante da atual crise, o governo Modi suspendeu o acordo de divisão de águas entre a Índia e o Paquistão, que existe desde 1960, interrompendo o fluxo de água de seus rios para o Paquistão, e que jamais havia sido desde então descumprido, mesmo sob situações de grande confronto.
A retaliação indiana incluiu, ainda, o primeiro ataque à província paquistanesa mais importante econômica e militarmente, o Punjab, o que não ocorria desde a guerra de 1971, a da separação de Bangladesh.
Grupos armados intensificaram os ataques na Caxemira desde 2019, quando o governo nacionalista hindu do primeiro-ministro indiano Narendra Modi revogou sua autonomia limitada e tomou o estado sob o domínio direto de Nova Delhi. Por sua vez, o Paquistão acusa os serviços secretos indianos de insuflarem grupos separatistas do Baluchistão em seu território.
Segundo as agências de notícias, há informações de incidentes menores na implementação do cessar-fogo.