A Índia formalizou a compra dos avançados sistemas antiaéreos russos S-400 durante a visita de dois dias a Nova Delhi do presidente Vladimir Putin, em que a parceria estratégica dos dois grandes países foi reafirmada, apesar das pressões diretas de Washington, que decretou sanções contra a compra de armas russas.
“A associação estratégica particularmente privilegiada entre a Índia e a Rússia é importante não só para nossos dois países, mas também é de grande importância para o mundo multipolar”, afirmou o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, ao recepcionar Putin. “Os governos e os povos da Rússia e da Índia sempre estiveram ligados por fortes ligações de amizade, respeito mútuo e simpatia”, afirmou Putin. A visita ocorreu nos dias 5 e 6.
Foi assinado um contrato de fornecimento de cinco sistemas S-400, com entregas previstas para começar em 2020, no valor de US$ 5,4 bilhões. Nova Delhi receberá cinco batalhões do sistema, com um batalhão normalmente consistindo de oito lançadores, 112 mísseis – de alcance até 400 km – e os veículos de comando e suporte, mais os radares.
O chefe do Estado-Maior do Exército indiano, general Bipin Rawat, ao retornar de uma visita de seis dias a Moscou assinalou que seu país sabe das sanções “que podem ser aplicadas contra nós [por Washington], mas estamos buscando uma política independente”.
A cooperação indo-russa também se aprofundará na energia nuclear para fins pacíficos, com a estatal Rosatom construindo seis novos reatores nucleares no país. Outra área em que se avançou foi na cooperação na esfera do cosmo, com a corporação espacial russa Roscosmos auxiliando no desenvolvimento de um programa espacial indiano tripulado e de sistemas de navegação. “A parte indiana nos contatou com uma solicitação sobre a implementação de seu próprio projeto para garantir o lançamento de um cosmonauta indiano ao espaço em 2022”, assinalou o vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borisov.
Os dois países também anunciaram a disposição de triplicar o volume de comércio entre a Rússia e a Índia até 2025 – hoje em US$ 10 bi -, segundo o ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Maksim Oreshkin. Também o presidente do segundo maior banco russo, VTB (estatal), Andrei Kostin, apontou que os bancos russos estão prontos para negociar com Nova Delhi em moedas nacionais, rublos e rúpias. Empresas indianas também podem vir a participar dos novos projetos russos de gás natural liquefeito no Extremo Oriente e no Ártico. “Agradecemos o interesse das companhias de energia indianas em expandir seus negócios na Rússia”, declarou Putin.