
A suspensão das compras de armamentos é resposta ao tarifaço de Trump
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou que visitará a China para a cúpula da ‘Organização para Cooperação de Xangai’ (OCX), no final do mês. Vai ser a primeira visita do chefe de estado indiano desde 2018 e está acontecendo em meio à guerra tarifária com os EUA de Donald Trump.
Como retaliação às tarifas, o governo indiano suspendeu as compras de armamentos e aeronaves dos EUA e também cancelou a visita do Ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, que deveria anunciar novas compras. Segundo matéria da CNN, “uma das fontes disse que as compras de defesa poderiam ser feitas assim que a Índia tivesse clareza sobre as tarifas e a direção dos laços bilaterais, mas “não tão cedo quanto se espera”. E acrescenta que “não foram dadas instruções por escrito para pausar as compras, segundo outra autoridade, indicando que Nova Délhi tem a opção de reverter rapidamente o curso, embora não haja “nenhum movimento, pelo menos por enquanto”
Ainda segundo a CNN, “após a publicação desta notícia, o governo da Índia divulgou um comunicado que descreve as notícias de uma pausa nas negociações como “falsas”
Recentemente Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% em produtos indianos com a intenção de tentar forçar que a Índia pare de comprar petróleo da Rússia. Os impostos totais de alguns produtos fabricados na Índia podem chegar a 50%.
Uma postura hipócrita do presidente americano, já que os EUA também fazem comércio com os russos, comprando fertilizantes e metais preciosos deles.
O governo indiano respondeu à medida imperialista de Trump e chamou as sanções contra a Rússia de “injustas e irracionais” e ressaltou que o comércio com os russos é “uma necessidade imposta pelas condições do mercado global”.
Com isso, em meio à escalada no atrito entre potência mundiais, principalmente dos EUA contra o resto do mundo, os governos da China e Índia ensaiam uma reaproximação diplomática mesmo após um resfriamento das relações em 2020, quando aconteceram confrontos militares na fronteira entre os dois países.
Nesta sexta-feira(8), o governo Chinês saudou o anúncio da visita do premier indiano e comunicaram que o evento seja “reunião de solidariedade, amizade e resultados frutíferos”.
“A China dá as boas-vindas ao primeiro-ministro Modi à China para a Cúpula de Tianjin da OCX,” disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
“Acreditamos que, com o esforço conjunto de todas as partes, a cúpula de Tianjin será uma reunião de solidariedade, amizade e resultados frutíferos, e a OCX entrará em um novo estágio de desenvolvimento de alta qualidade, com maior solidariedade, coordenação, dinamismo e produtividade,” disse o porta-voz. “A Cúpula da OCX Tianjin será a maior cúpula em escala desde o estabelecimento da OCX.”
A presença de Modi no evento sinaliza uma tentativa de reatar laços diplomáticos e é esperado que aconteça uma reunião bilateral entre os dois países.
Líderes de mais de 20 países, incluindo membros da OCX, anunciaram que irão comparecer ao evento e chefes de 10 organizações internacionais.
Modi, primeiro irá viajar ao Japão no final do mês e depois irá visitar a cidade chinesa de Tianjin onde irá acontecer a cúpula da OCX. Ele já havia visitado a China em 2018 para a cúpula da OCX e em 2019 o presidente chinês, Xi Jinping retribuiu visitando a Índia.
O presidente russo, Vladmir Putin, também é esperado que compareça na cúpula desse ano.
A ‘Organização para Cooperação de Xangai’ ou OCX, é uma organização política, econômica, militar e cultural para cooperação entre países europeus e asiáticos. Criada em 2001 em Xangai pela China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão. Índia e Paquistão aderiram ao bloco em 2017, o Irã em 2023 e a Bielorrússia em 2024, além de outros países envolvidos como observadores.