Nunes Marques disse que ela não cometeu crime. Oito ministros já condenaram a deputada bolsonarista, que afrontou todas as leis e apontou uma arma para um eleitor de Lula na véspera da eleição
Seguiu neste domingo (20) a votação do plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia contra a deputada Carla Zambelli por perseguição armada de um eleitor de Lula nas ruas de São Paulo, durante as últimas eleições. O penúltimo a votar neste domingo foi Nunes Marques, indicado por Bolsonaro. A votação termina na segunda-feira (21).
O episódio ocorreu em outubro do ano passado, a parlamentar bolsonarista sacou uma arma de fogo, atravessou a rua e entrou em um bar perseguindo um homem negro, em São Paulo, após um desentendimento com um apoiador do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nunes Marques votou contra a aceitação da denúncia contra a deputada. Ele questionou também a competência do STF para processar e julgar o caso e determinou a remessa dos autos à Justiça comum do Estado de São Paulo. O ministro opinou por rejeitar a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Para o ministro, está ausente a justa causa para o processamento da ação penal.
O ministro Nunes Marques não considerou crime a deputada correr pelas ruas de São Paulo com uma arma na mão atrás de um eleitor de Lula e ameaçá-lo de morte na véspera da eleição. A Deputada justificou a ameaça de morte mostrando uma marca no joelho que, segundo ela, foi causado por um empurrão. As imagens desmentiram a deputada, que tropeçou sozinha e se machucou.
O caso é julgado em sessão virtual desde 11 de agosto e termina nesta segunda-feira (21). Até o momento, oito ministros já votaram a favor da abertura de ação penal contra a congressista. André Mendonça opinou pelo declínio de competência, com envio do caso à primeira instância; Nunes Marques, pela rejeição. Falta o voto do ministro Luiz Fux para a análise ser concluída.
Apesar de resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinar que colecionadores, atiradores e caçadores são proibidos de portar armas no dia das eleições, nas 24 horas que antecedem o pleito e nas 24 horas que o sucedem, Zambelli afrontou todas essas normas e mesmo assim foi liberada pela polícia na época.
Em dezembro, o ministro do STF Gilmar Mendes determinou a suspensão da autorização de porte de arma de fogo pela parlamentar e deu um prazo de 48 horas para que Zambelli entregasse suas armas. O ministro abriu inquérito contra a bolsonarista.