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“Vários membros já usam moedas locais no seu comércio bilateral, o que continuará no período da presidência brasileira”, declarou o embaixador Mauricio Lyrio a jornalistas na sexta-feira (21)
O representante do Brasil no BRICS, grupo de países que, além do Brasil, inclui a Rússia, Índia, China e África do Sul e que recentemente receberam a adesão de países como o Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã, afirmou que o grupo irá avançar no uso de moedas locais para realizar operações financeiras relacionadas ao comércio e investimentos realizados pelos países-membros do BRICS.
O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Mauricio Lyrio, deu esta informação a jornalistas na sexta-feira (21) em Brasília. “É algo que já se desenvolve no Brics desde 2015 e nós continuamos a avançar, até porque o uso de moedas locais já é praxe no comércio bilateral entre membros do BRICS. Vários membros já usam moedas locais no seu comércio bilateral, o que continuará no período da presidência brasileira”, declarou.
No momento o BRICS está sendo presidido pelo Brasil. O representante brasileiro destacou que o objetivo desta medida é reduzir os custos de operações comerciais-financeiras das nações emergentes. De acordo com Lyrio, o sistema de pagamentos em moedas locais está entre as prioridades das potências regionais neste ano que serão debatidas na próxima terça (25) e quarta-feira (26), entre os principais líderes-negociadores representantes das 11 nações integrantes do bloco.
O secretário do Itamaraty explicou ainda que, neste momento, o BRICS não discutirá a criação de uma moeda comum para o bloco. “Não há acordos sobre o tema e também porque é muito complexo este processo. São economias grandes. Esse não é um tema fácil de administrar e, obviamente, há outras maneiras de redução de custos de operação. Tem a ver com a lógica interna do BRICS”, apontou.
O diplomata não descartou a possibilidade de os chefes de Estado do BRICS discutirem a adoção de uma moeda comum no futuro. “Nada impede que os presidentes discutam a possibilidade, em um horizonte mais distante.” Ele ressaltou ainda que o BRICS nasceu com a vocação de reforçar o multilateralismo para solucionar problemas e reformar a governança global. “Reformar para que ela [governança global] se torne mais democrática, mais inclusiva, mais representativa nesses mesmos países”, defendeu.
As reuniões da próxima semana servirão para apresentar aos sherpas (palavra de origem tibetana usada para denominar os guias de alpinistas) do BRICS as demais prioridades do Brasil no comando do grupo, além do uso de moedas locais para realizar operações financeiras. Os temas serão alinhados para até a Cúpula de chefes de Estado do BRICS, prevista para ocorrer nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
As cinco prioridades que serão levadas ao encontro de dois dias são: cooperação em saúde, financiamento de ações de combate à mudança do clima; comércio, investimento e finanças do Brics; governança da inteligência artificial; e desenvolvimento institucional do BRICS. O encontro será aberto na terça-feira (25) pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, na capital federal. Existe ainda a possibilidade de uma sessão especial com discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos participantes, no segundo dia do evento.
Com informações da Agência Brasil