A empresa aérea indonésia Garuda divulgou na sexta-feira (22) sua decisão de cancelar a encomenda de 49 unidades do modelo Boeing 737 MAX 8, após os dois acidentes com este modelo em apenas cinco meses. O cancelamento está sendo noticiado como o primeiro entre os contratos de compra do 737 Max firmados com a Boeing.
“Enviamos uma carta à Boeing solicitando a anulação do pedido”, declarou Ikhsan Rosan, porta-voz da companhia nacional da Indonésia, que aguarda a resposta do grupo americano. “O motivo é que os passageiros da Garuda perderam a confiança e já não querem voar no Max”.
Garuda já possui um 737 MAX 8, o primeiro de um pedido de 50 aviões, totalizando 4,9 bilhões de dólares. A companhia também negocia com a Boeing a devolução do único exemplar que recebeu, pelo qual já pagou 26 milhões de dólares, e analisa a troca por outro modelo.
“A princípio não queremos substituir a Boeing, mas consideramos a opção por outro modelo” da companhia, disse ao jornal Detik o diretor da Garuda Indonésia, Gusti Ngurah Askhara Danadiputra.
Outra companhia indonésia, a Lion Air, anunciou este mês o adiamento da recepção de quatro novos Boeing 737 MAX 8, sem mencionar ainda uma anulação.
O acidente do avião B-737 MAX 8 da Ethiopian Airlines, que deixou 157 mortos, foi o segundo em menos de cinco meses deste tipo de avião. Em outubro, uma aeronave da Lion Air caiu na costa da Indonésia e provocou a morte das 189 pessoas a bordo. Com isso, o principal modelo de avião da Boeing já provocou a morte de 346 pessoas.
Por causa da repercussão de dois acidentes parecidos em pouco tempo, companhias aéreas e autoridades de aviação em mais de 50 países suspenderam operações com aeronaves do modelo. Em seguida, a própria Boeing solicitou que aviões 737 MAX 8 e 737 MAX 9 não levantassem voo.
As semelhanças entre os dois acidentes levaram as agências que regulamentam a aviação internacional a proibir o voo deste modelo de aeronave, à espera de mais informações sobre as causas dos acidentes.
Investigações iniciais feitas nos Estados Unidos indicam que os aviões dos acidentes na Etiópia e na Indonésia podem ter caído devido a problemas no sistema de sustentação das aeronaves. A caixa preta da aeronave da Ethiopian está em análise na França e as primeiras informações também confirmam essa informação.