Abimaq alerta que os “efeitos da política monetária contracionista, já em curso”, no mercado doméstico, “devem refletir em desaceleração”
As vendas da indústria de máquinas e equipamentos no país registraram uma queda de 8,6% em 2024 em relação a 2023, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nesta quarta-feira (29). É a terceira queda consecutiva do setor.
No mês de dezembro de 2024, em relação a novembro, houve uma queda na receita líquida das vendas. Em relação ao mesmo mês de 2023, obteve um crescimento de 9,1%, encerrando o mês com receitas de R$ 21,3 bilhões.
De acordo com a Abimaq, no quarto trimestre do ano houve importante recuperação nas receitas (5,9%), tanto no mercado interno (2,7%), e especialmente no mercado externo (14,6%). “Mas não o suficiente para superar o fraco desempenho observado no início do período”, ressaltou a entidade em nota.
O presidente da Abimaq, José Velloso, bem como Pedro Estevão, da área do agronegócio, registraram, em mais de uma oportunidade, o quanto os juros altos prejudicaram e prejudicam o desempenho das atividades do setor, destacando o novo ciclo de aumento de juros pelo Banco Central. Os investimentos envolvidos são em geral de longo prazo.
De acordo com a Abimaq, o ano de 2025 “será de grandes desafios”, alertando que os “efeitos da política monetária contracionista, já em curso”, no mercado doméstico, “devem refletir em desaceleração”. “Neste ambiente, atividades dependentes exclusivamente de crédito, como o setor imobiliário e bens de consumo semi e não duráveis tendem a ser os mais impactados negativamente”.
A indústria de máquinas e equipamentos exportou no mês de dezembro/24 o total de US$ 1,107 bilhão, crescimento sobre novembro de 4,2% e uma pequena redução de 1% ante o dezembro de 2023.
O resultado acumulado de US$ 13,18 bi em 2024 garantiu ao setor a segunda melhor marca, ainda que tenha recuado 5,5% em relação a 2023. O desempenho melhor do setor foi em 2023, quando exportou US$ 13,96 bilhões em máquinas e equipamentos.
E dentre os destinos com quedas aparecem Estados Unidos, maior importador do setor, a Argentina, Paraguai, Chile e Peru. As exportações cresceram para Singapura, Coréia do Sul, México, França e Arábia Saudita.
Pelo lado das importações, dezembro de 2024 houve novo incremento nas importações de máquinas e equipamentos, que somaram US$ 2,6 bilhões, valor 18,5% superior ao do mesmo período de 2023. No ano, as importações registraram um aumento de 10,6% ao atingirem US$ 29,6 bilhões
O crescimento das importações pode trazer consigo prejuízos à produção nacional quando substituem o produto aqui produzido, que nem sempre consegue concorrer nas mesmas condições, por fatores exteriores aos fabricantes, visto estar competindo com desvantagens, como as altas taxas de juros que os concorrentes lá fora não tem.
O setor espera um crescimento de 4% este ano de 2025. “A pesquisa de investimentos realizados e previstos pelos fabricantes de máquinas e equipamentos identificou uma intenção de investimentos em 2025 da ordem de R$ 8,4 bilhões, um crescimento de 4% sobre os investimentos realizados em 2024 (R$ 8 bi)”.