A indústria paulista fechou 5 mil vagas de emprego no mês de agosto, em comparação com julho, segundo dados da Federação e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), divulgados na terça-feira (17). Descontada as variações típicas para o mês de agosto, ajuste sazonal, o saldo se manteve negativo em -0,23% no mês.
“O resultado foi convergente com a média para o mês de agosto, observada desde 2011 e influenciado pelos setores de veículos e couro e calçados”, diz José Ricardo Roriz, 2º vice-presidente da Fiesp e do Ciesp.
De acordo com as entidades, de janeiro a agosto, a indústria de São Paulo acumula uma queda de – 5,5 mil postos de trabalho.
Em agosto de ano, dos 29 setores analisados pela pesquisa, 50% apresentaram variações negativas, com 11 demitindo, 7 contratando e 11 permanecendo estáveis.
“Os principais destaques negativos ficaram por conta de veículos automotores, reboques e carroceria (-1.598), couro e calçados (-1.426) e produtos de borracha e de material plástico (-1.419)”, diz a Fiesp e Ciesp. Entre as atividades que tiveram saldo positivo a pesquisa destaca: produtos diversos (+575); produtos de minerais não-metálicos (+443) e celulose, papel e produtos de papel (+372).
Para as grandes regiões do Estado de São Paulo e as 37 Diretorias Regionais do Ciesp analisados, as entidades apontam que a situação de emprego em agosto caiu -0,48% no Interior e avançou na Grande São Paulo (inclusive ABCD) (0,25%), no ABCD (0,11%). Já as 37 Diretorias Regionais do CIESP, 65% apresentaram resultados negativos, sendo 24 com demissões, 8 estáveis e 5 com contratações.
Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a produção industrial brasileira encolheu –0,3% em julho 2019, na comparação com o mês imediatamente anterior, e acumula queda no ano de –1,7%.
Para o mesmo período analisado pelo instituto, a produção industrial paulista recuou -1,4%. Além de São Paulo, sete dos quinze locais pesquisados pelo IBGE mostraram taxas negativas.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), ao afirmar que a “indústria tem um papel de relevo no emprego não só por sua contribuição à geração de vagas, mas também porque assegura ocupações de melhor qualidade”, destaca que embora o saldo de trabalhadores com carteira assinada no setor tenha se mantido no positivo “o ritmo de aumento do número de ocupados na indústria de transformação tem ficado muito abaixo daquele do total do setor privado”.
“No segundo trimestre de 2019, houve variação de apenas +0,7% no emprego no setor (+79 mil pessoas) contra +2,9% do total (+2,3 milhões de pessoas), sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Este resultado também foi muito inferior ao dinamismo anteriormente registrado pela própria indústria de transformação. Vale lembrar que sua ocupação chegou a crescer +5,2% no 4º trim/17. Com isso, a contribuição industrial no emprego adicional criado pelo setor privado no decorrer de um ano regrediu de 31% no 4º trim/17 para meros 3% no 2º trim/19”, diz a nota divulgada pelo IEDI na terça-feira (17).
Com um péssimo desempenho da economia brasileira, que está sendo puxada para recessão pela queda do consumo e do investimento publico, pelo alto desemprego e a precarização do trabalho, e pelo rebaixamento dos salários – situações essas aceleradas nestes 8 meses de governo Bolsonaro – a expectativas do mercado para a indústria é de queda de -0,29% em 2019.
Segundo dados do Banco Central (BC) a economia brasileira recuou -0,16% em julho sobre junho, o pior resultado para o mês em três anos, segundo “prévia” do Índice de Atividade Econômica do IBC-Br, divulgado sexta-feira (13).
Já outro indicador do BC, o boletim Focus, que analisa a mediana das projeções do mercado para o Produto Interno Bruto (PIB), aponta alta de 0,87% para economia em 2019, resultado muito abaixo da expectativa do mercado no início de janeiro deste ano, que girava entorno 2,5% de avanço em 2019.
ANTONIO ROSA