Na véspera das eleições presidenciais na Argentina, a política econômica implantada por Mauricio Macri levou o país a um quadro de falência.
“A indústria está virtualmente paralisada, a situação está no limite”, afirmaram dirigentes do setor mais dinâmico da economia, descrevendo a crise que vive a produção nacional argentina após as medidas anunciadas pelo governo, que incluem aumentar os juros, controle do câmbio, antes execrado por ele, além de liberar as reservas. Os industriais comemoraram na segunda-feira, 2, o Dia da Indústria, embora expressaram que “é uma das piores datas que temos passado”.
Segundo os dirigentes da União Industrial Argentina, UIA, o aumento da taxa de juros que, na última sexta-feira, o Banco Central elevou até 83% em alguns casos, não surpreendeu ninguém. “São taxas de falência”, ressaltaram.
Para Guillermo Moretti, vice-presidente da UIA, a indústria “está virtualmente paralisada” porque os fabricantes não sabem quais são os preços de compra nem quais os de venda. “Hoje está tudo parado. Já vínhamos de uma situação difícil com problemas na cadeia de pagamento, com taxas de juros de 70% e agora acontece o que aconteceu. A situação é muito complicada para qualquer fabricante”, afirmou o dirigente.
Moretti sublinhou que sem um setor industrial forte “não há desenvolvimento nem distribuição da riqueza possível”. Em julho passado o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina, INDEC, revelou que a indústria retrocedeu 9,8% nos primeiros cinco meses de 2019.
O mesmo INDEC divulgou pesquisa mostrando que no primeiro trimestre de 2019 a pobreza no país atingiu 34,1% e a indigência chegou a 7,1% da população. No primeiro trimestre do ano passado, o índice mostrava 25,5% dos argentinos em situação de pobreza.
José Urtubey, outro dos dirigentes da União Industrial, declarou que Macri “decidiu dar-lhe as costas à indústria. Esta situação demonstra o fracasso do modelo econômico que está aplicando”. E comentou que não lhes importava que Macri não tivesse ido ao ato que se realizou pelo Dia da Indústria, advertindo que não tinham vontade “de escutar o mesmo, a mesma narrativa”.
No final do encontro, dirigentes da UIA distribuíram um documento intitulado Propostas Produtivas: Uma plataforma para gerar valor. “A mensagem central do trabalho é contar com uma economia que fomente a agregação de valor para gerar mais divisas que permitam potenciar o crescimento econômico, gerar mais e melhor emprego, e melhorar o bem-estar da população”, assinala o documento com “mais de 150 propostas que foram elaboradas pelos diversos departamentos técnicos da União Industrial”.
SUSANA LISCHINSKY