Encontro patrocinado em parceria pela ABI e Organização Internacional de Comunicação da China Ocidental (WCICO) apresentou, em São Paulo, marcas da nova industrialização da região de Chongqing
A Associação Brasileira de Imprensa recebeu em São Paulo representantes da cidade chinesa de Chongqing apresentada como exemplo de desenvolvimento do interior da China com base na industrialização acelerada.
Chongqing, uma metrópole interiorana que cresceu e se industrializou rapidamente está localizada no centroeste da China e hoje fica na confluência da ferrovia China-Europa com a hidrovia do rio Yangtse.
No evento, representantes da cidade apresentaram diversas marcas da nova indústria que vão desde a produção de modelos inovadores de fibras de vidro para construção civil e geradores de energia eólica até fábrica de motocicletas que produz cerca de 30 modelos diferentes e que “estão entre as marcas tecnologicamente mais avançadas do mundo”, segundo Michael Chen, diretor da Zhineng Motocicleta.
Paulo Braga, vice-gerente geral da subsidiária brasileira da Chongqing Polycomp International, especializada em fibras de vidro, apresentou o resultado em termos de desenvolvimento industrial da empresa que dirige com a Chongqing Polycomp e expressou a esperança dos empresários brasileiros de mais industrialização local a partir de iniciativas conjuntas: “Nossa companhia se tornou a primeira na América Latina a desenvolver fibra de vidro para aplicação na produção de equipamentos para energia eólica e também em material de apoio à construção civil e à indústria automotiva”.
“Esperamos que isso que aconteceu com Chongqing inspire cidades brasileiras a tomarem esse rumo de desenvolvimento”, acrescentou Paulo.
CONVÊNIO ENTRE ABI E ORGANIZAÇÃO DE COMUNICAÇÃO DA CHINA OCIDENTAL
No encontro foi firmado convênio de integração de mídia entre a ABI e a Organização Internacional de Comunicação da China Ocidental (WCICO).
“Estamos aqui apresentando oportunidades de investimento e cooperação econômica e de comércio”, declarou Zhao Wujun, diretor da WCICO.
“Este evento não visa apenas a apresentação das marcas produzidas na cidade, mas demonstrar para o Brasil e a América Latina em geral, que a China está aberta a um desenvolvimento que pode ser compartilhado por todos”, disse ainda Zhao que chamou os convidados àquela que chamou de “cidade mágica de Chongqing”.
Para a divulgação das inovações e notícias da região de Chongqing aos brasileiros e do Brasil aos chineses, foi criado o escritório local de ligação para o estabelecimento de pontes de notícias a Bridging News Brasil, anunciado durante a assinatura do convênio nesta sexta-feira, dia 8.
A ABI esteve presente com o diretor de Jornalismo, Moacyr de Oliveira Filho, a vice-presidente Regina Pimenta e os conselheiros Lalo Leal, Malu Fernandes, José Reinaldo Carvalho, Luís Nassif e José Paulo Kuppfer.
O evento teve a participação de cerca de 50 convidados, entre representantes do governo federal, do governo do Estado de São Paulo, da prefeitura municipal de São Paulo, da prefeitura de Osasco, líderes empresariais da indústria e do comércio, acadêmicos e professores universitários, representantes de fundações de partidos políticos, jornalistas e autoridades chinesas.
COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
O governo federal foi representado por Euzébio Jorge Silveira de Sousa, assessor especial da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
“Nos fortalecermos no terreno tecnológico e de inovação é fundamental para atingirmos os nossos objetivos que é sair da condição de economia dependente, dessa forma devemos buscar um nível cada vez maior de qualificação de nossa produção industrial, científica e tecnológica”, declarou o assessor especial do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Euzébio Silveira de Sousa.
“A relação com a China é muito importante, mas o Brasil precisa se apresentar de forma a deixar claro seus objetivos desenvolvimentistas de curto, médio e longo prazo. Sair da condição de produtor de matéria prima e passar a apresentar produtos com maior valor agregado também passa por um reposicionamento do Brasil no cenário comercial internacional’, destacou Euzébio.
O encontro contou ainda com a presença da presidente da FENAJ, Samira de Castro, e do presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Thiago Tanji.
“O Brasil pode se beneficiar da relação com a China, desde que tenhamos muito claro as nossas premissas”, afirmou Thiago Terj.
“Eu acho que encontros envolvendo o Brasil e a China podem atuar no enfrentamento do autoritarismo e das tentativas de dominação unilateral como tem acontecido em escala global e é muito preocupante e não é à toa isso tem gerado muitos conflitos”, avalia o presidente do Sindicato dos Jornalistas de SP.
“É claro que temos os interesses do Brasil quando realizamos esta troca. Nossa plataforma é avançar no desenvolvimento, acabar com a pobreza, superar desigualdades e é com ela que devemos nos apresentar e atuar. Ou seja, devemos promover parcerias, mas a partir da nossa soberania, do fortalecimento da nossa democracia, da melhoria de condições para os trabalhadores”.
“O desenvolvimento da China nas últimas décadas deu mostras de como é possível promover o desenvolvimento, avançar tecnologicamente, estimular a inovação, acabar com a miséria.
“É claro que nós não pretendemos importar qualquer tipo de modelo, até porque a China tem uma outra história milenar e, portanto, não é o caso de nos espelharmos ou de permitir qualquer tipo de dependência. Temos que nos constituir com forças próprias.
“Sabemos que nas décadas mais recentes nós nos condicionamos ao modelo estadunidense e, neste início do Século XXI, estamos buscando alternativas, a exemplo da criação e crescimento do BRICS. Nossa expectativa é de que o governo federal atue não apenas no fortalecimento da nossa democracia, mas saiba aproveitar essa janela de oportunidade para favorecer o nosso desenvolvimento”, concluiu Thiago.
ABRAÇADA PELO RIO YANGTSE
Na abertura do evento, o vice-ministro do Departamento de Publicidade de Chongqing, Guan Hong, disse que Chongqing é uma cidade aberta para o mundo. “Chongqing está localizada na junção da Iniciativa Cinturão e Rota e do Cinturão Econômico do Rio Yangtse, onde os trens de carga China-Europa, o Novo Corredor Comercial Internacional Terra-Mar e a hidrovia dourada do Rio Yangtzs se encontram. É o centro da abertura interior da China e um importante fulcro estratégico para o desenvolvimento da região ocidental”.
“A implementação desta série de medidas estratégicas requer uma ligação estreita com o mundo, incluindo a América Latina, e Chongqing terá oportunidades ilimitadas para o desenvolvimento futuro”, acrescentou Guan.
Liu Gingqing, do Comitê Distrital do Partido Comunista da China em Dazhu (cidade próxima a Chongqing) abordou a cultura milenar chinesa condensada nas esculturas em pedra de Dazhu.
Fábio Hu, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China falou aram sobre as perspectivas de desenvolvimento comercial e industrial e as oportunidades de cooperação com a China. “Nosso escritório está à disposição dos empresários brasileiros para ajuda-los a chegar até a indústria e o comércio da China, nossa atenção não faz distinção entre pequenos, médios e grandes empresários, nossa decisão é atender a todos a quem possamos ajudar”, destacou Fábio.
INTERCÂMBIO UNIVERSITÁRIO E CIENTÍFICO
O professor do Instituto de Relações Internacionais da USP, Yi Shin Tang, falou sobre o cenário do ensino superior do Brasil e as oportunidades de cooperação com a China.
“As universidades brasileiras e chinesas têm desenvolvido programas conjuntos de pesquisa, intercâmbio de estudantes e professores, além de projetos de inovação tecnológica, como o laboratório conjunto para pesquisa agrícola para aumentar a influência mundial dos dois países no domínio da biotecnologia agrícola, entre a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); a formação do Centro de Pesquisa e Inovação sobre Mudanças Climáticas e Tecnologias Energéticas China-Brasil com a Universidade Tsinghua; o acordo para desenvolver um programa de formação conjunta de pós-graduação entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Tecnologia de Zhongyuan; a cooperação na pesquisa e desenvolvimento de vacinas, uma parceria entre a Sinovac e o Instituto Butantan; e o acordo de cooperação entre o Instituto de Relações Internacionais da USP e a Jinan University e a Ocean University”, contou Tang.