Carestia foi ainda mais grave para os mais pobres: café moído (67,01%), tomate (55,62%), batata-inglesa (54,3%), diesel (52,27%), açúcar refinado (35,74%), óleo de soja (31,25%), leite longa vida (29,28%), gás de cozinha (29,39%)
A inflação, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 0,47% em maio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (9). Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 11,73%, sendo a maior para o mês de maio dos últimos 19 anos.
Em relação a abril, quando a inflação ultrapassou 12%, houve uma pequena redução no índice, mas muito longe do “inferno da inflação” que meteu o país Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que declarou que “já saímos do inferno da inflação”. Enquanto a inflação corrói o orçamento das famílias, a renda desaba e milhões de brasileiros vivem a tragédia do desemprego e da fome.
Segundo o IBGE, no trimestre encerrado em abril, 11,3 milhões de trabalhadores estavam sem emprego, 38,7 milhões no trabalho precário e a renda caiu 7,9%.
Com Bolsonaro, a economia brasileira segue estagnada e, ao mesmo tempo, sofrendo com o desemprego elevado e com altas generalizadas dos preços, o que nos coloca em um quadro de estagflação. Nestes quatro anos de governo, o contingente de brasileiros passando fome no pais aumentou. São 33,1 milhões de pessoas que não tem o que comer diariamente no Brasil, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Em 2018, a população em situação de fome era de 10,3 milhões. Ao todo, o Brasil registra 125 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar.
Em maio, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta. A maior variação veio do grupo Vestuário (+2,11%), Transportes (+1,34%), e Saúde e cuidados pessoais (+1,01). O único grupo a apresentar queda foi Habitação (-1,70%), por causa do fim da bandeira de escassez hídrica que durante oito meses penalizou as famílias brasileiras.
ALIMENTOS E BEBIDAS ACUMULAM ALTA DE 13,51%
Alimentos e bebidas registraram alta de 0,48% no mês passado. Em 12 meses, a alta neste grupo chega a 13,51%. Os maiores impactos no mês dentro do grupo (0,04 p.p.) veio da cebola (+21,36), que já acumula alta de 59,49% no ano, e do leite longa vida (+4,65%), cuja variação é de alta de 28,03% no ano.
O resultado da alimentação fora do domicílio (0,61%) ficou muito próximo ao de abril (0,62%). O lanche passou de 0,98% para 1,08% e a refeição foi de 0,42% para 0,41%.
Campeões das altas dos preços nos últimos 12 meses estão: Cenoura (116,37%), Passagens aéreas (88,65%), Abobrinha (82,12%), Pepino (77,91%), Melão (71,34%), Café moído (67,01%), Transportes por aplicativos (64,31%), Morango (57,63%), Tomate (55,62%) e Mamão (55,59%).
Os produtos da cesta básica acumulam altas de até 67%: Café moído: 67,01%, Tomate: 55,62%, Batata-inglesa: 54,3%, Açúcar refinado: 35,74%, Óleo de soja: 31,25%, Leite longa vida: 29,28%, Farinha de trigo: 27,8%, Feijão carioca: 19,03%, Pão francês: 15,59%, Manteiga: 12,34%, Carnes: 5,95%, Banana: de 5,02% (banana-maçã) a 27,22% (banana-da-terra) e Arroz: -10,27%, o único que apresentou queda.
No grupo Transportes (1,34%), a maior contribuição veio das passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido em abril (9,48%). Foi o maior impacto individual sobre o índice do mês (0,08 ponto percentual), junto com os produtos farmacêuticos, que fazem parte do grupo Saúde e cuidados pessoais, e apresentaram alta de 2,51% em maio, puxado pelo reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos, autorizado pelo governo Bolsonaro em abril.
A disparada dos preços dos bilhetes aéreos deve-se, principalmente, aos sucessivos aumentos no preço do querosene de aviação (QAV). Embora o Brasil produza mais de 90% do querosene de aviação que utiliza, o governo Bolsonaro mantém na Petrobrás a política de atrelar os preços internos dos combustíveis ao dólar e ao barril de petróleo, a chamada PPI. O querosene fornecido pela Petrobrás acumula aumento no ano de 64,3%, segundo Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
GÁS DE COZINHA SOBE 29,39% EM DOZE MESES
Também dolarizados, em maio, o óleo diesel e a gasolina apresentaram altas de 3,72% e 0,92%, respectivamente. Já o etanol variou em queda (-0,43) no período. No acumulado dos últimos 12 meses, chega a 52,27% a alta do óleo diesel, a gasolina subiu 28,73% e o preço do etanol avançou 25,31%. No intervalo de um ano, o gás de cozinha subiu 29,39%, também superando a taxa do IPCA em 12 meses.
No grupo Vestuário, a alta foi de 2,11%, puxada pelo aumento nos preços das roupas masculinas (2,65%), das roupas femininas (2,18%) e das roupas infantis (2,14%). O item calçados e acessórios (2,06%) também registrou variação superior a 2% em maio.