Açúcar, milho, farinha de trigo e mandioca, entre outros, subiram muito além da inflação, encarecendo os tradicionais quitutes das festas juninas
A carestia atingiu em cheio a tradicional Festa Junina, tão esperada pelos brasileiros após dois anos de pandemia, elevando os preços dos alimentos típicos saboreados pelos brasileiros. No período em que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou o aumento de 13,51% nos preços de alimentos e bebidas em maio, alguns itens consumidos nas festividades de junho ficaram tão caros que se tornaram inviáveis.
Em doze meses, até maio, por exemplo, o milho acumula alta de 23,55% pelo IPCA, a farinha de trigo cresceu 27,80% e açúcar cristal, 31,46%.
Outro alimento fundamental para as receitas é o tomate, cujo preço acumula alta de 80,48%, seguido pelo açúcar refinado (36,28%), o óleo de soja (33,8%) e a mandioca (31,26%).
Para quem ficou sem trabalho e hoje faz comida para fora, trabalhar está cada vez mais difícil já que a inflação pressiona os custos e corrói os ganhos. A cozinheira Ana Carolina Pesaroglo disse à reportagem do Estadão que precisou abrir mão de uma parte de seus lucros. “As pessoas também estão com menos recursos. Nós repassamos uma parte do preço para os clientes, mas absorvemos a outra para poder tornar viável o trabalho de retorno das festas juninas”, disse. “Tivemos que mudar a forma de fazer compra, optar por promoções, em quantidade maior e negociar com nossos fornecedores.”
Também não escaparam do aumento o leite longa vida (28,04%), o fubá de milho (24,67%), a maçã (24,28%) e a margarina (21,47%). A salsicha (10,78%) e o fermento (8,2%) também avançaram de preço, assim como as bebidas, como o vinho (4,31%) e a cerveja (7,3%).
SP: ALTA DE 15,29% NOS ALIMENTOS EM JUNHO
Outro levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) aponta que o preço de uma cesta de alimentos típicos de festa junina subiu 15,29% este mês. A pesquisa foi realizada na cidade de São Paulo.
Milho e fubá lideram as altas, com variações de 41,88% e 41,58%, respectivamente. A abóbora está 34,77% mais cara, a farinha de trigo 20,75%, a mandioca, 18,33% e a maçã 17,13%.
Guilherme Moreira, economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe, explica que, além dos preços das commodities, a alta nos combustíveis pesou para o aumento dos preços dos alimentos este mês.
“Em conjunto com os reajustes que ocorreram no preço do diesel fez com que os alimentos subissem muito e deve permanecer ao longo do ano todo”.