Deflação de 0,73% no mês foi puxada pelos preços dos combustíveis e energia, após Bolsonaro arrancar o couro dos consumidores com preços dolarizados. O leite longa vida acumula alta 79,79% no ano, junto com legumes, frutas e até o básico feijão foram os itens que mais pesaram para as famílias de mais baixa renda
Em agosto, a inflação continuou avançando sobre a alimentação dos brasileiros, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), na prévia da inflação, divulgado nesta quarta-feira (24), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alimentação no domicílio foi de 1,24% em agosto e acumula alta de 17,37%, em 12 meses.
O IPCA-15 registrou deflação de 0,73% em agosto, ante alta de 0,13% de julho, influenciado principalmente pela queda no grupo dos Transportes, que contribuiu com -1,15 ponto percentual no índice do mês. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,02% e, em 12 meses, de 9,60%.
No resultado do IPCA-15, o que se vê é que a deflação não chegou para os assalariados e, principalmente, para as famílias mais pobres, que continuam sendo atormentadas pela alta dos preços dos alimentos e de outros itens do dia a dia. O grupo alimentação e bebidas, com alta de 1,16%, teve o maior impacto (contribuição com 0,24 ponto percentual) na prévia da inflação de agosto. Em 12 meses, o grupo alimentação e bebidas acumula alta de 14,71%.
O resultado do grupo foi influenciado principalmente pelo aumento nos preços do leite longa vida (14,21%), maior impacto individual positivo no índice do mês (0,14 p.p.). No ano, o preço do leite longa acumula alta de 79,79%, de acordo com o IBGE.
Outros destaques no grupo Alimentação e bebidas foram as frutas (2,99%), que também haviam subido em julho (4,03%), o queijo (4,18%) e o frango em pedaços (3,08%). Com isso, a alimentação no domicílio variou 1,24% em agosto e acumula alta de 17,37%, em 12 meses.
Já a alimentação fora do domicílio teve alta de 0,80% em agosto, desacelerando em relação ao mês anterior (1,27%). Tanto o lanche (0,97%) quanto a refeição (0,72%) tiveram variações inferiores às de julho (2,18% e 0,92%, respectivamente). Em 12 meses, a alimentação fora de casa acumula alta de 8,06%.
FRUTAS SOBEM ATÉ 85,02%
Entre os campeões da inflação dos alimentos, no acumulado em 12 meses, estão: Mamão (85,02%), Cebola (79,98%), Melancia (71,19%), Leite longa vida (69,73%), Melão (63,32%), Café Moído (53,22%), Tangerina (48,89%), Morango (44,2%), Manga (39,4%), Batata Inglesa (38,98%), Banana prata (37,06%), Alimento Infantil (31,53%) e Farinha de trigo (30,17%)
Destacam-se as altas, ainda, nos grupos Saúde e Cuidados Pessoais (0,71%) e Despesas Pessoais (0,79%), que contribuíram igualmente com 0,18 ponto percentual no índice, e Vestuário (0,76%).
A alta registrada em Saúde e cuidados pessoais foi influenciada pelos planos de saúde (1,22%), correspondente à fração mensal do reajuste de 15,50% autorizado pelo governo Bolsonaro, por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 26 de maio para os planos de saúdes novos. Cabe ressaltar também que no IPCA-15, os itens de higiene pessoal aceleraram de 0,67% em julho para 1,03% em agosto e acumulam alta de 10,42% em 12 meses.
A deflação observada no grupo dos Transportes (-5,24%) deve-se, principalmente, à queda no preço dos combustíveis (-15,33%). A gasolina caiu 16,80% e teve a maior contribuição negativa no índice do mês (-1,07 p.p.); o etanol registrou queda de -10,78%; o gás veicular recuou -5,40%; e o óleo diesel reduziu -0,56%.
Com os recuos deste mês, a gasolina e o etanol passaram a ter queda no acumulado dos últimos 12 meses, de 1,85% e 2,41%, respectivamente. Mas o preço do óleo diesel, que tem peso significativo para a disparada dos preços dos alimentos, onerando os custos de produção e de transporte, acumula alta de 58,81%. O gás veicular acumula alta de 24,25% no período.
O grupo Habitação também apresentou deflação de -0,37%. A queda está relacionada ao recuo nos preços da energia elétrica residencial (-3,29%). O gás de botijão, que tem grande peso sobre o orçamento das famílias de menor renda, também registrou queda de 0,26% no mês, mas acumula alta de 18,96% nos últimos 12 meses. Já o gás encanado a alta chega a 25,26% em um ano.
Estes produtos e serviços tiveram o ICMS limitado às vésperas das eleições por meio da Lei Complementar 194/22 do governo Bolsonaro, que propõe a perda de arrecadação de recursos do ICMS, que seriam destinados à prestação de serviços públicos estaduais e municipais, em troca de uma redução momentânea, por exemplo, nos preços dos combustíveis que tem seus preços fixados ao mercado internacional.
Veja a prévia da inflação de agosto para cada um dos grupos pesquisados:
Alimentação e bebidas: 1,12%
Habitação: -0,37%
Artigos de residência: 0,08%
Vestuário: 0,76%
Transportes: -5,24%
Saúde e cuidados pessoais: 0,81%
Despesas pessoais: 0,81%
Educação: 0,61%
Comunicação: -0,30%