Há doze meses, custo da cesta com 13 produtos básicos estava em 12,67%. Para o coordenador do estudo da PUCPR, Jackson Bittencourt, alta “afeta todos os brasileiros. Mas são as classes com renda mais baixa que sentem mais. Elas estão empobrecendo”
A inflação dos alimentos que compõem a cesta básica chegou a 21,46% no acumulado de 12 meses até março, ultrapassando a inflação oficial – medida pelo IPCA do IBGE – que acumula alta de 11,30%, para o mesmo período analisado. É o que aponta um estudo produzido por professores do curso de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Na passagem de de fevereiro para março, a inflação da cesta básica acelerou e passou de 2,02% para 5,27%. Em 12 meses, pulou de 12,67% para 21,46%.
“Uma inflação acima de 20%, como a da cesta básica, impressiona. Afeta todos os brasileiros. Mas são as classes com renda mais baixa que sentem mais. Elas estão empobrecendo”, alertou o economista e coordenador do curso de economia da PUCPR, Jackson Bittencourt, ao explicar que alta da cesta básica é consequência do encarecimento dos custos de fretes – provocado pelo mega-aumento nos preços dos combustíveis em março – e problemas que ocorrem nas plantações do Sudeste e do Sul. Além disso, março marcou a fase inicial dos reflexos das sanções impostas à Rússia, em relação ao conflito com a Ucrânia, que elevou as cotações de commodities agrícolas, como trigo, por exemplo.
O indicador é calculado com base nos 13 produtos de alimentação definidos pelo Decreto Lei n° 399, de 30 de abril de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil, e que continua em vigor. Os registros da série tiveram início em setembro.
Na passagem de fevereiro para março, as maiores altas registradas ficaram com o tomate (27,22%), leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), feijão (6,43%) e batata-inglesa (4,89%). Por outro lado, banana prata (-4,78%) e contrafilé bovino (-0,07%), recuaram no período.
No acumulado de 12 meses até março, as maiores altas vieram de tomate (94,55%), café (64,66%), açúcar cristal (35,68%), batata-inglesa (27,15%), óleo de soja (23,75%) e margarina (20,09%). A única queda no período foi a do arroz (-13,88%).
Na era Bolsonaro, os brasileiros sofrem com a carestia dos alimentos em meio ao alto desemprego e o rebaixamento da renda.
De acordo com o IBGE, são 12 milhões de desempregados no Brasil. Ao todo, no trimestre móvel encerrado em fevereiro, havia 27,3 milhões de pessoas em busca de trabalho no país – contingente que compõem a chamada taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui: os desempregados, os subocupados (que trabalham menos de 40 horas semanais) e a força de trabalho potencial (pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho, ou que procuraram, mas não estavam disponíveis para trabalhar).
Já a renda média recebida pelo trabalho recuou 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação com o mesmo intervalo de 2021, passando de R$ 2.752 para R$ 2.511.
Neste cenário, tem aumentado o drama das famílias que vivem na miséria, pois, para sobreviverem, buscam doações de comida ou procuram restos de alimentos em caçambas de lixo em frente de restaurantes, mercados, açougues e feiras de alimentos.