
IPCA fica em 0,43% em abril, pressionada por comida e saúde, segundo IBGE
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou nova desaceleração, ao ficar em 0,43% em abril, ou 0,13 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de março (0,56%), informou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês, a alta da inflação foi pressionada pelos alimentos, que tiveram o maior impacto no índice, e pela saúde e cuidados pessoais, com destaque para os produtos farmacêuticos (aumento de 2,32%), do tomate (14,32%) e da batata-inglesa (18,29%).
No ano, o índice de inflação oficial do país, acumula alta de 2,48% e, nos últimos doze meses, o IPCA ficou em 5,53%, acima dos 5,48% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2024, a variação foi de 0,38%.
Apesar da inflação sinalizar perda de força nos últimos meses, o Banco Central (BC) decidiu nesta semana elevar a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,5 ponto porcentual, de 14,25% para 14,75% ao ano. Esse foi o sexto aumento consecutivo do nível da taxa nominal de juros, com início em setembro de 2024, mantendo os juros reais (descontada a inflação) entre os mais altos do mundo, pressionando o consumo das famílias.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio, a renda apertada e o crédito caro elevaram a inadimplência entre os mais pobres e o endividamento das famílias, comprometidas com 30% da renda com dívidas, na maioria com bancos.
Conforme o IPCA, a inflação no Brasil segue sendo pressionada por fatores que estão fora do alcance da política monetária. Como, por exemplo, o avanço dos preços administrados, caso do grupo Saúde e cuidados pessoais, que em abril marco alta de 1,18% – a maior variação entre os grupos que compõe o IPCA – influenciado pelos produtos farmacêuticos (2,32%), após a autorização do reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos, a partir de 31 de março. Produtos farmacêuticos foi o subgrupo com maior impacto no IPCA de abril.
Outro componente inflacionário que não responde à elevação dos juros são os preços dos alimentos, cuja volatilidade decorre de fatores climáticos e da especulação nos mercados internacionais de commodities, fazendo o brasileiro pagar por preços dolarizados em produtos feitos no Brasil.
Em abril, o grupo Alimentação e bebidas marcou alta de 0,82% (o maior impacto entre os grupos no índice geral), puxada pela alta dos preços da alimentação no domicílio (0,83%). Apesar do resultado de alta, o preço da alimentação sinaliza arrefecimento em relação a março, época em que o grupo atingiu alta de 1,17%.
No mês passado, houve aumentos dos preços da batata-inglesa (18,29%), do tomate (14,32%) e do café moído (4,48%). No lado das quedas destacam-se a cenoura (10,40%), o arroz (4,19%) e as frutas (0,59%).
O gerente do IBGE e responsável pelo IPCA, Fernando Gonçalves, explica que “em abril, observamos também um maior espalhamento de taxas positivas no grupo, com índice de difusão passando de 55% para 70%, porém, envolvendo subitens de menor peso”, declarou.
Os demais grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apresentaram variação entre 1,02% de alta e -0,38% de queda.
PCA em abril (variação por grupo)
· Alimentação e bebidas: +0,82%
· Saúde e cuidados pessoais: +1,18%
· Vestuário: +1,02%
· Artigos de residência: +0,53%
· Despesas pessoais: +0,54%
· Comunicação: +0,69%
· Habitação: +0,14%
· Educação: +0,05%
· Transportes: -0,38%