Preços assustam os consumidores que já esperam substituir os ovos por barras e bombons no domingo de Páscoa
Os preços dos ovos de Páscoa na tradicional festa das famílias brasileiras também estarão bem mais caros este ano. Segundo estimativa da Associação Paulista de Supermercados (APAS), os ovos de Páscoa chegarão às prateleiras das lojas 40% mais caros. Com as rendas apertadas e a inflação generalizada, a tradicional troca de ovos de chocolates vai ficar de fora dos lares da maioria das famílias brasileiras este ano, particularmente das mais pobres.
Os preços dos ovos menores com cerca de 300 gramas chegam a custar R$ 50, e os maiores, de 500 gramas, são vendidos a R$ 100. Mas os ovos de Páscoa podem ser encontrados por preços ainda mais elevados.
De acordo com o setor, o encarecimento do produto vem do aumento do preço do cacau, dos alimentos em geral e dos combustíveis. A aposta das empresas será a oferta de itens mais baratos – que podem caber no bolso das famílias no atual cenário de carestia – como bombons e chocolate em barra, que também não estão nada baratos.
O “esquenta” para o tradicional feriado de Páscoa já é uma referência para os preços que serão praticados. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o mesmo produto pode custar até 181% a mais a depender do estabelecimento. “É mais um reflexo da inflação, que desorienta os preços e deixa o consumidor sem uma base de comparação”, apontou o economista-chefe do CNC, Fábio Bentes, no mês passado.
Após o período mais agudo da pandemia, muitas famílias aguardam o domingo de Páscoa deste ano, dia 17 de abril, para se reencontrarem e se confraternizarem, realizando a simbólica troca de presentes com ovos de Páscoa.
Para as empresas este ano seria de recuperação das vendas. No entanto, o Brasil entrou em 2022 em grave crise inflacionária e a economia batendo pino com a produção industrial em queda, assim como as vendas e o setor de serviços.
Para agravar a situação, o governo Bolsonaro no início de março acelerou o aumento dos combustíveis – da gasolina, do diesel e do gás de cozinha -, penalizando ainda mais as famílias brasileiras. Aumentou os juros a patamares inexplicáveis e o endividamento e a inadimplência das famílias e das micro e pequenas empresas não param de crescer. O desemprego continua elevado e a renda despencou 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com o IBGE.
Com o índice de preços oficial variando a mais de 10% no acumulado de um ano nos últimos sete meses consecutivos, as vendas da data festiva vão continuar patinando.
Segundo projeções da CNC, as vendas devem somar R$ 2,16 bilhões – o que representará uma variação de apenas 1,9% sobre o faturamento de 2020, já descontada a inflação do período. Ainda assim, caso seja confirmada a previsão, o resultado ficará 5,7% abaixo do alcançado antes do início da pandemia de covid-19, em 2019 (R$ 2,29 bilhões).
A Páscoa é uma das datas mais importantes para o comércio do setor de alimentos, ficando atrás apenas do Natal e da Black Friday.