Segundo a inflação dos alimentos, divulgada pelo IBGE, em doze meses até fevereiro, a alta acumulada é de 15%. O IPCA (índice geral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou no período em 5,20%.
Enquanto os preços dos alimentos dispararam e subiram três vezes mais, o governo Bolsonaro reduziu o auxílio emergencial para menos da metade. Ficará em torno de R$ 250, entre R$ 175 e R$ 375, quando no início da pandemia da Covid-19 o Congresso Nacional aprovou um auxílio emergencial de R$ 600. Um ano depois, a crise sanitária está muito mais violenta, ceifando mais de duas mil vidas por dia, o desemprego bateu recorde, a economia encolheu 4,1% e a vacina ainda não chegou para todos.
Com o fim do auxílio emergencial em dezembro, só em janeiro, dois milhões de brasileiros foram deslocados para a situação de pobreza. Ao todo, 13% da população do país, ou 26 milhões de pessoas, está sobrevivendo com uma renda per capita de apenas R$ 250 por mês, segundo estudo do Insper, patamar que Bolsonaro e Guedes pretendem lançar a metade dos 68 milhões que foram beneficiados com o auxílio emergencial durante a pandemia.
O novo auxílio emergencial proposto pelo governo não cobre nem a metade da cesta básica em torno de R$ 600 calculada pelo Dieese, considerando apenas os alimentos.
Diante da disparada dos preços dos alimentos nos supermercados em meados do ano passado, Bolsonaro lavou as mãos. Disse que é “economia de mercado”, não ia reduzir preço por “canetada”, etc, etc, ou seja, o mesmo discurso em relação ao preço dos combustíveis e do gás de cozinha, que também dispararam no período. O botijão já atingiu R$ 105 em algumas localidades.
Em doze meses, as maiores altas nos alimentos foram verificados no óleo de soja: 87,59%; arroz: 60,80%; feijão mulatinho: 33,91%; músculo: 33,61%; banana prata: 23,48%; leite longa vida: 20,52%; frango: 15,01%; leite condensado: 15,16%; e ovo: 10,49%.
O governo ignora que a economia só não desabou mais do que os -4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) graças ao auxílio emergencial e algumas outras poucas medidas que foram implementadas apesar e contra a vontade de Bolsonaro e Guedes.
Portanto, mantida a postura negacionista do governo frente à pandemia e o boicote deliberado às empresas do setor produtivo, trabalhadores e milhões de desempregados destituídos de qualquer renda, o desastre econômico e social será ainda maior.