Preços de energia elétrica, combustíveis, gás de cozinha e carnes disparam
Com um crescimento recorde dos preços em maio, a inflação oficial do país atingiu 8,06% nos últimos 12 meses. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pressionados pelo aumento do custo da energia elétrica e alimentação, os preços dispararam 0,83% em maio. O índice depõe contra a pretensa “ recuperação econômica” propagandeada pelo governo, mostrando preços fora de controle – inclusive os administrados, sufocando o consumo das famílias já prejudicado pelo alto índice de desemprego.
A taxa de maio foi a maior para o mês desde 1996. No acumulado do ano, a inflação avançou 3,22%. Com o resultado dos 12 meses, os preços decolam do centro da meta do governo (de 3,75%) e ultrapassam também o teto (5,52%).
“Esse resultado do mês tem muito a ver com os [produtos e serviços] monitorados, principalmente energia elétrica e combustíveis”, afirmou o gerente da pesquisa Pedro Kislanov.
CONTA DE LUZ MAIS CARA
Segundo o IBGE, o maior impacto individual do mês veio da alta da energia elétrica (5,37%), que sozinha respondeu por 0,23 ponto percentual do IPCA com a iminente crise de abastecimento nas hidrelétricas. Em maio, passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescentou R$ 4,169 na conta de luz a cada 100 quilowatts consumidos. Além disso, no final de abril, ocorreram reajustes em diversas regiões do país.
PREÇO DAS CARNES ACUMULA ALTA DE 38%
A inflação de alimentação e bebidas cresceu 0,44%, depois de já ter avançado 0,40% em abril. O preço das carnes deu a maior contribuição, acumulando 38% de variação nos últimos 12 meses e avanço de 2,24% apenas na passagem de março para abril.
“O que tem pesado no caso das carnes é o aumento das exportações, que pesou bastante no ano passado, sobretudo para o mercado chinês, e o aumento dos custos de produção, porque alguns insumos fundamentais para a ração, como a soja e o milho, tiveram grande valorização no mercado internacional, o que reflete no preço para o consumidor final”, afirmou o pesquisador.
PREÇOS DO ÓLEO DE SOJA, FEIJÃO FRADINHO E ARROZ ACELERAM
No acumulado em 12 meses, os alimentos que mais subiram foram óleo de soja (86,87%), feijão fradinho (58,04%) e arroz (51,83%).
Outros itens que pesaram no bolso dos consumidores em maio foram gás de botijão (1,24%), gás encanado (4,58%), gasolina (2,87%), etanol (12,92%) e óleo diesel (4,61%). No ano, a gasolina acumula alta de 24,70% e, em 12 meses, de 45,80%.
A escalada de preços, contudo, foi generalizada entre todos os grupos pesquisados pelo IPCA:
Alimentação e bebidas: 0,44%
Habitação: 1,78%
Artigos de residência: 1,25%
Vestuário: 0,92%
Transportes: 1,15%
Saúde e cuidados pessoais: 0,76%
Despesas pessoais: 0,21%
Educação: 0,06%
Comunicação: 0,21%
Jair Bolsonaro ao comentar a inflação nesta quarta-feira, em especial dos alimentos, culpou os governadores, que determinaram medidas de restrição ao comércio para conter a pandemia da Covid-19 e salvar vidas. Não faz nada para conter a especulação com os preços dos alimentos e dá aval para as altas nos combustíveis, no gás de cozinha e no aumento na conta de luz, arrochando ainda mais a renda do brasileiro.
INFLAÇÃO PARA OS MAIS POBRES É AINDA MAIOR
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de maio teve alta de 0,96%. Essa é a maior variação para um mês de maio desde 2016, quando o índice foi de 0,98%. No mesmo mês do ano passado, o índice ficou negativo em -0,25%. Os dados foram divulgados na quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com esse resultado, o INPC acumulou uma elevação de 3,33% no ano e em 12 meses atingiu 8,90%. Até abril, o resultado acumulado em 12 meses estava em 7,59%.
Enquanto o IPCA apura a inflação das famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, o INPC mede a variação dos preços para as famílias de renda mais baixa, de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados, e pesou mais no bolso do trabalhador.
Os produtos alimentícios subiram 0,53% em maio, ficando acima do resultado de abril (0,49%). Os não alimentícios tiveram alta de 1,10%, contra 0,35% em abril.
O grupo de despesas com transportes, que tem um peso de quase 20% no cálculo do índice, apresenta o maior índice acumulado no ano, ou 8,21%, só em maio aumentou 1,48%.