Carestia nos alimentos não dá trégua e ultrapassa 14% em doze meses
A prévia da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) bateu novo recorde em maio, após o Ministro da Economia, Paulo Guedes, ter declarado que “o inferno da inflação já passou”,
De acordo com o índice divulgado nesta terça-feira (24) pelo IBGE, a variação de preços em maio foi de 0,59%. Trata-se da maior inflação para o mês de maio desde 2016. No ano, o IPCA- 15 acumula alta de 4,93% e em 12 meses passou a acumular, portanto, alta de 12,20%, alcançando a marca de 9 meses consecutivos de inflação em dois dígitos. A taxa acumulada é a maior dos últimos 19 anos. Em 2003, a inflação chegou a 12,69%, apenas um pouco maior do que o cenário de carestia atual promovido pela política econômica de Guedes e Bolsonaro.
INFLAÇÃO DE ALIMENTOS ACUMULA ALTA DE 14,02%
O aumento dos preços dos alimentos continua subindo sem tréguas, penalizando os mais pobres e pressionando cada vez mais os orçamentos familiares. No IPCA-15 de maio, a variação foi de 1,52%, acumulando em 12 meses alta de 14,02%. Em abril, a cesta já havia subido 2,25%.
Pelo peso que tem na composição da cesta de produtos básicos e significância do aumento, o grupo respondeu por 0,31 ponto percentual da alta de 0,59% no mês de maio. A maior pressão veio dos alimentos para consumo no domicílio, com alta de 1,52%.
Entre os itens, se destaca o aumento do leite (+7,99%), da batata (+16,78%), cebola (+14,87%) e pão francês (+3,84%). Os custos do gás encanado (+0,81%) e do botijão de gás – que apesar de um insignificante recuo de 0,02%, continua sendo vendido com preço médio aproximado de R$ 115 – dificultam ainda mais a vida das famílias.
No subitem Alimentação fora do domicílio, de abril para maio houve aumento de 1,02%, com pressão do lanche (+1,89%) e da refeição (+0,52%).
COMBUSTÍVEIS EM ALTA
Além da comida, a alta dos custos de Transportes também teve grande impacto sobre a inflação de maio. No grupo geral, o aumento foi de 1,80%, derivado do preço da gasolina (+1,24%), do diesel (+2,15) e do etanol (+7,79%).
O aumento no preço dos combustíveis, cujo impacto se espalha para os preços de diversos produtos, inclusive alimentos, já acumula alta de mais de 40% em 12 meses como desdobramento da política de preços da Petrobrás apoiada pelo governo.
O IBGE também sublinhou o impacto do aumento dos preços dos remédios e produtos farmacêuticos, cuja alta foi de 5,24% registrado após o reajuste de 10,89% nos preços autorizados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em maio:
Alimentos e bebidas: +1,52%;
Artigos de residência: +0,98%;
Vestuário: +1,86%;
Transportes: +1,80%;
Saúde e cuidados pessoais: +2,19%;
Despesas pessoais: +0,74%;
Educação: +0,06%;
Comunicação: +0,50%
Habitação: -3,85%
De acordo com o relatório de mercado Focus, realizado pelo Banco Central (BC), a previsão é que a inflação feche o ano em 7,89% em 2022, apesar de analistas apontarem para um índice acima de 9%. Em qualquer um dos cenários, será o segundo ano seguido de inflação acelerada, impulsionada pelos altos preços dos combustíveis com aval do governo Bolsonaro, em um cenário de desemprego elevado, endividamento e inadimplência das famílias atingindo recordes e a renda em queda.
A pretexto de conter a inflação, o governo decidiu adotar uma política de elevação da taxa básica de juros, ou seja, reprime ainda mais o consumo e os investimentos, como se o problema da inflação fosse uma alta de demanda. Atualmente, a Selic está em 12,75% e o Brasil tem o juro real mais alto praticado no mundo.