Inglaterra se valeu da presidência rotativa no Conselho de Segurança da ONU para barrar reunião sobre a farsa montada pela Ucrânia em Bucha e tentar impedir que a verdade venha à tona
A Rússia volta a exigir nesta segunda-feira (4) que o Conselho de Segurança da ONU se reúna em caráter de urgência para discutir a provocação dos militares ucranianos em Bucha, perto de Kiev, após a Grã Bretanha, que atualmente preside o órgão, ter se recusado a encaminhar o pedido no domingo.
“É difícil imaginar e perceber, mas a presidência britânica do Conselho de Segurança, que acaba de começar, está tentando nos negar nosso direito de solicitar uma reunião separada do Conselho de Segurança sobre a terrível provocação ucraniana em Bucha, 24 horas antes da reunião agendada [na terça-feira], em total conformidade com as regras de procedimento do Conselho de Segurança”, disse Polyansky em seu canal Telegram.
“Vamos insistir para que a reunião seja realizada na segunda-feira, conforme solicitado”, disse o diplomata.
“Estamos chocados com a escala e a brutalidade da encenação organizada em Bucha nas melhores tradições do ‘cinema de capacete branco'”, destacou Polyansky, “os neonazistas ucranianos de hoje são completamente fiéis à velha escola nazista de provocações de Goebbels e estão tentando transferir a culpa para a Rússia.” Ele observou que “há inconsistências e erros marcantes na produção”. “Já foi refutado na Internet”, observou.
Polyansky acrescentou que os britânicos estão tentando usar desculpas processuais para rejeitar a iniciativa russa porque outra reunião do Conselho de Segurança da ONU está marcada para terça-feira sobre uma questão mais ampla. “Eles obviamente não querem que abordemos isso separadamente porque causaria danos à reputação de países ocidentais que já acusaram a Rússia de matar civis em Bucha. Mas não vai funcionar, e o mundo saberá a verdade”, disse ele.
Polyansky lembrou aos britânicos que tais ações não são dignas de um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, e a Rússia, como presidente do Conselho em fevereiro, “apesar de todas as provocações ucranianas e da situação tensa no terreno, não se opôs a um único reunião sobre a Ucrânia, não importa quanto tempo tenha passado desde o seu pedido.” “Londres, por outro lado, comprometeu a presidência do Conselho desde o início. Esperamos que o compromisso óbvio de respeitar as tradições do Conselho prevaleça sobre os cálculos táticos desonestos”, concluiu.
“[Este é] mais um exemplo de fornecimento de material encenado do regime de Kiev para o consumo da mídia ocidental, como foi o caso da maternidade Mariupol, sem falar em outras cidades”, disse o porta-voz da Defesa russa, general Igor Konoshenko no sábado, ao refutar as acusações do regime de Kiev e denunciar a “flagrante provocação” montada pelos radicais ucranianos e seus amos
“É particularmente preocupante que todos os corpos das pessoas cujas imagens foram publicadas pelo regime de Kiev, após pelo menos quatro dias, não apresentem rigor mortis, não tenham as manchas características dos cadáveres, enquanto nas feridas há sangue não coagulado”, denunciou o porta-voz russo, general Igor Konashenkov.
QUATRO DIAS DEPOIS
O porta-voz ressaltou que todas as forças russas deixaram Bucha em 30 de março, enquanto provas falsas de supostos assassinatos foram apresentadas quatro dias depois, quando agentes do serviço de segurança ucraniano SBU e mídia chegaram à localidade.
Ao discursar na quinta-feira (31), o prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, como registrado em vídeo, disse que a cidade estava livre de soldados russos e não mencionou quaisquer moradores supostamente baleados nas ruas.
Para analistas, o estado dos corpos indica que se trata de execuções a posteri à retirada russa, na típica “caça aos colaboradores russos” que tem sido vista de parte de batalhões irregulares ucranianos, as auto denominadas ‘defesas territoriais’, em vários episódios do atual conflito; vários dos corpos apresentam braçadeira branca, o que, aos olhos dos nazistas, poderia ser um sinal de suposta cooperação com os russos.
Há ainda o fato de que, após a saída das tropas russas da cidade, o local continuou por dois dias sendo submetido à artilharia das forças regulares ucranianas.
Ao exigir no domingo a imediata convocação do Conselho de Segurança da ONU, o vice-representante permanente da Rússia, Dmitri Polianski, afirmou que Moscou vai “desmascarar” os “provocadores ucranianos e seus protetores ocidentais”, em referência aos nazistas e seus apoiadores.
INCONSISTÊNCIAS
Registre-se ainda que entre os dias 1 e 2 de abril, o extremista Segei Korotkih, postou imagens suas de Bucha, sem mencionar cadáveres nas ruas. Nos vídeos que ele publicou só se vê ruas vazias com equipamento militar destruído. Bucha é uma cidade pequena, de 30 mil habitantes.
Na época a cidade foi visitada também pelo atleta ucraniano Shan Belenyuk, que analogamente não disse nada a respeito de cadáveres nas ruas. Em uma de suas fotos da cidade ele aparece sorrindo.
As inconsistências no relato de Kiev também mereceram a atenção da professora Isabela Gama, especialista em teoria das relações internacionais e em segurança e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando Estado-Maior do Exército (ECEME), segundo a qual, as peças não se encaixam.
“Por que os militares russos deixariam corpos de vítimas de tortura à mostra de todos em um cenário que não está nem um pouco favorável à Rússia? E não faz sentido isso vir a público hoje, e ninguém ter visto antes [os corpos nas ruas]”, indagou a pesquisadora ao site Sputnik.
À ivulgação desses vídeos e fotos por Kiev, seguiu-se uma avalanche de declarações de líderes europeus e dos EUA, com acusações à Rússia antes da investigação e conclamações por mais sanções, além de nova rodada de expulsão de diplomatas russos, orquestração voltada para culpar e tentar isolar a Rússia – o que também pode se encaixar no objetivo, notório de Washington e Londres, de estancar os acordos de paz e, se houver espaço, redobrar as ameaças contra a Rússia.
À cínica declaração do presidente norte-americano Biden, por um “tribunal da Ucrânia”, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, contrapôs: “que tal começar pela Iugoslávia e Iraque?”
PEGOS NO FAKE
Apesar da desproporção de meios de informação, até aqui a Rússia conseguiu desmontar cada provocação orquestrada pelo regime de Kiev e seus amos.
Quando o vídeo de tortura de prisioneiros de guerra russos por nazis ucranianos foi divulgado, o regime de Kiev asseverou que era “falso”, mas em poucos dias até mesmo as ‘autoridades’ ocidentais se viram forçadas a admitir que era real.
A operação de bandeira trocada do ‘hospital-maternidade’ em Mariupol, que a Rússia denunciou de imediato como uma provocação [ocorreu no mesmo dia do discurso de Zelensky ao Congresso dos EUA], a própria jovem grávida no centro das imagens agora divulgou vídeo refutando o relato oficial de Kiev e contando que a maternidade foi transformada em quartel, até a comida das grávidas foi roubada, não houve ataque aéreo algum.
Antes disso, quando o Reino Unido alegou que a Rússia bombardeou um shopping civil ‘inocente’, vídeos divulgados pelo Ministério da Defesa russo mostraram em detalhe como as forças ucranianas posicionaram artilharia móvel na garagem do referido ‘shopping’.
Quando os ucranianos alegaram que a Rússia tentou explodir a fábrica de Zaporizhzhia, as imagens de segurança mostraram que, quando uma força de segurança russa chegou, foi atacada por um RPG de posições ucraniano em um dos prédios administrativos da fábrica.
Ou quando um jornalista americano foi morto em Irpin nos arredores de Kiev há um mês, e todos os apoiadores do Reino Unido gritaram Rússia, todo o incidente foi rapidamente varrido para debaixo do tapete quando o próprio amigo/companheiro do jornalista em uma entrevista afirmou que eles foram alvejados por tropas ucranianas em um posto de controle ucraniano a quilômetros de distância das forças russas mais próximas.