O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, mostrou seu ressentimento com a negativa dos europeus em seguir as provocações de Trump e disse que Londres, Paris e Berlim estariam “se alinhando com os aiatolás”
Inglaterra, França e Alemanha comunicaram nesta quinta-feira (20) serem contrários ao restabelecimento de sanções ao Irã, como solicitado pelos Estados Unidos à Organização das Nações Unidas (ONU), alegando que qualquer ação de confrontação é incompatível com os esforços para apoiar o acordo nuclear com o governo iraniano.
Com vistas a preservar o acordo, reitera o comunicado conjunto emitido pelos três países, “instamos o Irã a reverter todas as medidas inconsistentes com seus compromissos nucleares e retornar ao cumprimento total sem demora”.
Inconformado com a busca do diálogo, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, condenou a posição adotada pelos três países europeus (E3, como é conhecido o grupo) para baixar a tensão no Golfo Pérsico. Segundo Pompeo, por defender a negociação Londres, Paris e Berlim estariam “alinhando-se com os aiatolás”. Os chanceleres do grupo alertaram ainda que Washington encerrou o acordo denominado JCPOA em 8 de maio de 2018 e que, portanto, não tem direito nenhum de exigir “reversão” nas medidas das Nações Unidas contra Teerã.
O governo iraniano classificou como “nulo” nesta sexta-feira (21) o movimento feito pelos EUA para restabelecer as sanções. “A notificação dos Estados Unidos é incapaz de produzir efeito legal. Nenhum dos restantes participantes do JCPOA considera que a notificação seja válida”, afirmou o vice-chanceler iraniano e negociador nuclear, Abbas Araghchi.
CHINA E RÚSSIA SE SOMAM
Da mesma forma que o E3, China e Rússia também repudiaram as tentativas do governo Trump de sancionar o Irã. A representação russa solicitou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU “sobre os eventos”. O encontro aconteceria nesta sexta-feira, com a participação dos 15 integrantes do Conselho em um momento, vale lembrar, em que a pandemia do coronavírus impacta a população civil, que se vê “severamente prejudicada”.
Apesar disso, os norte-americanos haviam formalizado um pedido ao Conselho de Segurança da ONU para que as sanções contra o Irã fossem restabelecidas o mais rapidamente possível, alegando que Teerã teria violado o acordo nuclear de 2015, o mesmo que Washington abandonou antes e de forma unilateral.
Como os EUA desprezaram o acordo nuclear há dois anos, os demais países signatários (Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China) consideram que Washington não tem mais o direito de invocar a cláusula incluída na resolução 2231.
“Estamos confiantes de que o Conselho de Segurança não permitirá que os EUA abusem da resolução 2231 para atingir seu objetivo declarado de destruir essa mesma resolução”, enfatizou o negociador iraniano.
De acordo com ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, a tentativa estadunidense é “perigosa e ilegal”. Para Zarif, já é hora do governo Trump “prestar contas pelos danos irreparáveis infligidos a toda a nação iraniana”.