Centenas de ingleses repudiaram o encontro da primeira-ministra inglesa, Theresa May, com o príncipe e herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, na semana passada. Os manifestantes denunciaram que, mesmo com o Iêmen enfrentando a maior crise humanitária da atualidade, o governo inglês não apenas segue indiferente, como continua despachando bilhões em armas para o governo saudita, que bombardeia criminosamente a população.
A chegada do monarca a Londres foi recebida por diversos manifestantes, que portavam cartazes denunciando os crimes sauditas. “Parem a tortura no Iêmen”, afirmava um dos cartazes. Outro lembrava que “a Inglaterra não deveria dar boas vindas a criminosos de guerra” ou a “assassinos”.
O genocídio contra o povo iemenita chegou a ser denunciado em um relatório da ONU, datado de janeiro, que esboçava críticas aos sauditas pelo aumento das mortes de civis e, em particular, a morte de crianças. O documento afirmava que os esforços para evitar danos aos civis “permanecem ineficazes”.
Com o agravamento da crise humanitária, em grande parte pela destruição da infraestrutura do país, a fome se alastrou, sem possibilidade de resolução, já que o bloqueio imposto aos portos iemenitas pelos sauditas impede as importações de comida – a necessidade de importação é de 80% do consumo de alimentos. Com a precariedade em saneamento e higiene, doenças já extintas se alastraram rapidamente, a exemplo da cólera, que infectou mais de 400 mil pessoas, das quais, 1.900 morreram.
Esta foi a primeira vez que Salman visitou oficialmente o ocidente, a data coincidiu com o aniversário de três anos da guerra contra o povo iemenita, que tem resistido à agressão imposta pelos sauditas, sob a direção dos EUA e com o apoio da Inglaterra. A participação inglesa nos crimes de lesa-humanidade ao sul da Península Arábica foi assumida pelo então ministro das relações exteriores inglês, Philip Hammond, que no começo da agressão se comprometeu apoiá-la “de todas as maneiras práticas”.
Desde então, a Inglaterra forneceu ao governo saudita US$ 8,3 bilhões em equipamentos militares, e enviou 166 militares, incluindo vários de seus oficiais, para fornecer treinamento aos militares sauditas. A Inglaterra também se comprometeu em acobertar os crimes de guerra perpetrados contra o Iêmen, e para isso utilizou sua posição no Conselho de Segurança da ONU para barrar diversas investigações.
O povo estadunidense também tem feito pressão contra a participação norte-americana na guerra. Um movimento acusa o governo dos EUA como responsável pela “maior crise humanitária do mundo” e conclama os eleitores a contatarem diretamente os senadores pedindo-lhes que votem para “parar com as hostilidades e pela retirada de elementos das forças dos EUA da República do Iêmen”.
A invasão ao Iêmen teve início em março de 2015, após a fuga do presidente fantoche pró-EUA, Abd Rabbu Mansur al Hadi, que para fugir da revolta popular que se deu na capital iemenita, Sanaa, se refugiou na capital da Arábia Saudita, Riad. De acordo com a ONU, apenas em 2017, o número de civis mortos superou a casa dos 10 mil. Já os feridos, foram mais de 40 mil.
GABRIEL CRUZ