
A Rússia não aceitará qualquer cenário que envolva o envio de tropas para a Ucrânia com a participação de países da Otan, pois isso “está repleto de uma escalada descontrolada do conflito com consequências imprevisíveis”, afirmou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova
Segundo a diplomata, apesar das tentativas da Rússia de chegar a um acordo para resolver a crise, a Grã-Bretanha continua a fazer declarações que visam minar os entendimentos com EUA.
“Assim, numa declaração conjunta de 17 de agosto, na sequência da última reunião online, a ‘coligação dos dispostos’ [como é chamado o grupo de aliados da Otan na guerra da Ucrânia], presidida pelo primeiro-ministro britânico K. Starmer e pelo presidente francês E. Macron, reavivou a ideia obviamente inviável de enviar um contingente militar ocidental para a Ucrânia mesmo no caso de um acordo de cessar-fogo. Por sua vez, em 15 de agosto, o Ministro da Defesa britânico, J. Healey, declarou diretamente que a Grã-Bretanha estava pronta para enviar tropas à Ucrânia para apoiar o cessar-fogo quando ele entrasse em vigor”, relembrou Zakharova em comentário publicado no site do Ministério.
“Estas tiradas belicosas, que são de fato uma incitação cínica à continuação das ações militares, apenas confirmam que Londres não está interessada em resolver a situação, mas está fazendo tudo o que é possível para prolongar o derramamento de sangue. Apelamos a Londres para que abandone manobras geopolíticas arriscadas e mal pensadas e, no mínimo, não interfira no trabalho árduo dos negociadores russos e norte-americanos”, frisou.
LONDRES VÊ A UCRÂNIA COMO INSTRUMENTO CONTRA A RÚSSIA
“Londres não esconde que vê a Ucrânia exclusivamente como um instrumento geopolítico voltado contra a Rússia”, tentando demonstrar liderança na questão da ajuda às Forças Armadas Ucranianas e está colocando o governo de Kiev em um caminho antirrusso, o que é “letal para o povo ucraniano”, apontou.
“Reafirmamos nossa posição, repetidamente expressa, de rejeição categórica a qualquer cenário que preveja o surgimento na Ucrânia de um contingente militar com a participação de países da Otan, o que pode levar a uma escalada descontrolada do conflito com consequências imprevisíveis. Declarações sobre o assunto feitas por países europeus individuais, incluindo a Grã-Bretanha, registram essencialmente suas aspirações abertamente provocativas e predatórias em relação à Ucrânia”, insistiu Zakharova.
TROPAS DA OTAN PODEM DESENCADEAR TERCEIRA GUERRA MUNDIAL
Sergey Shoigu, secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia e ex-ministro da Defesa, já havia alertado anteriormente que a chegada de tropas da Otan à Ucrânia poderia desencadear uma terceira guerra mundial.
Em março, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron anunciaram a criação da auto-intitulada “coalizão dos dispostos” para fornecer forças terrestres e aéreas para monitorar uma possível trégua ou um acordo de paz, caso Kiev e Moscou avançassem nesse sentido. Alemanha, Polônia, Espanha, Itália, Romênia e Croácia se recusaram a enviar seus militares para participar dessa aventura, prevendo o descontrole da situação que seria criada.
No início deste mês, o The Sunday Times citou um oficial anônimo da defesa do Reino Unido assinalando que “ninguém quer enviar suas tropas para morrer na Ucrânia”, marcou o site RT News.