Índice ultrapassou inflação oficial e atingiu 10,78%
A inflação para as famílias de mais baixa renda foi ainda maior do que a inflação oficial no mês de setembro. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação de preço de uma cesta de consumo de famílias, entre alimentos e serviços, com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos foi de 1,20% no mês e de 10,78% em doze meses.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro atingiu 1,16% e 10,25% em doze meses. Ambos os índices atingiram as maiores taxas para o mês de setembro desde 1994.
Segundo o IBGE, o peso do grupo alimentos (arroz, feijão, leite, frutas, refeições fora de casa) é maior no INPC, logo o impacto sobre as famílias mais pobres é muito maior, atingindo em cheio o poder de compra dessas famílias, que além dos alimentos enfrentam a carestia na conta de luz, no gás de cozinha, nos medicamentos e na moradia.
CESTA BÁSICA
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em setembro o custo da cesta básica de alimentos aumentou em 11 de 17 capitais pesquisadas, A cesta mais cara foi a de São Paulo (R$ 673,45), seguida pelas de Porto Alegre (R$ 672,39), Florianópolis (R$ 662,85) e Rio de Janeiro (R$ 643,06). Entre as capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta tem algumas diferenças em relação às demais cidades, Aracaju (R$ 454,03), João Pessoa (R$ 476,63) e Salvador (R$ 478,86) registraram os menores custos. Aumentaram os preços das carnes, do açúcar, do café, da manteia e do óleo de soja na maioria das capitais. O custo médio da cesta básica de alimentos, considerando as regiões pesquisadas, compromete mais de 50% do salário mínimo.
BOLSOCARO
A inflação tem raiz no aumento dos alimentos, dos combustíveis e da energia elétrica, resultado do desgoverno Bolsonaro, ao desmontar os estoques reguladores, ao manter a extorsiva política de preços da Petrobrás atrelada ao mercado externo e ao dólar e a total falta de planejamento e de investimentos para enfrentar a crise hídrica.
Para agravar esse quadro, a direção da Petrobrás anunciou hoje o aumento de mais de 7% no preço da gasolina e do botijão de gás nas refinarias a partir deste sábado (9), penalizando ainda mais os mais pobres. Em doze meses até setembro, a gasolina subiu 40% e o gás de cozinha 35%, segundo o IPCA.
De acordo com o INPC, os produtos alimentícios subiram 0,94% em setembro. Os não alimentícios tiveram alta de 1,28%, enquanto em agosto haviam registrado 0,75%.
Não é à toa que a cada dia o drama da fome é estampada no sites e noticiários da mídia. Com 14 milhões de desempregados, 34,2 milhões no trabalho precário, 19 milhões de brasileiros vivendo na extrema pobreza e outros mais de 100 milhões vivendo a insegurança alimentar, aumentam as filas por doações de ossos ou sobras nos açougues e feiras populares.