O governo fechou um contrato de compra de um satélite de monitoramento da Amazônia por R$ 175 milhões, na quarta-feira (30), que provavelmente não tem serventia.
O alerta de que o satélite que o governo pretendia adquirir não era apropriado foi protocolado junto ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em setembro, conforme informações divulgadas na sexta-feira (1º) pela coluna de Rubens Valente, do Uol.
Segundo o Inpe, o satélite-radar da banda X não era apropriado. A banda é determinante para saber a capacidade de um satélite-radar. A banda L é considerada a mais sofisticada e cara. A banda X, a mais simples e barata.
Embora o modelo adquirido não tenha sido divulgado pelo governo, e o contrato de compra seja sigiloso por cinco anos, Rubens Valente afirma em sua coluna que em outubro “a Aeronáutica havia dito ao Uol, em resposta a um pedido via LAI (Lei de Acesso à Informação), que estudava adquirir um satélite-radar da banda X”.
Segundo a coluna, a compra foi feita pelo Ministério da Defesa, sem licitação, à empresa finlandesa ICEYE, que fabrica satélites do tipo SAR (Radar de Abertura Sintética, na sigla em inglês).
Em seu relatório, o Inpe afirma: “A equipe técnica do Inpe, a partir da experiência acumulada em mais de 40 anos de trabalhos científicos com dados de radar, entende que tal banda [X] não é apropriada para o monitoramento do desmatamento na Amazônia. Esta limitação justifica-se pelo comprimento de onda em banda X, que fica próximo os 3 cm, e por isso não tem condições de penetrar no dossel da floresta, e nem permite distinguir a floresta em pé de uma área recém desmatada. Diante disto, um instrumento em banda X não oferecerá o grau de exatidão requerido para o monitoramento do desmatamento e emissões de alertas”.