“A ideia de anexação unilateral é uma aventura inútil e perigosa. Esperamos que o governo de Israel reconsidere tais planos”, é o que afirma o Instituto Brasil-Israel (IBI) em declaração publicada no dia 9.
Ao mesmo tempo em que se opõe à anexação de território palestino da Cisjordânia, o IBI enfatiza que o caminho a percorrer é a busca da paz, uma necessidade a ser alcançada entre israelenses e palestinos que devem debater “diretamente suas futuras fronteiras”.
O IBI também alerta para o fato de que a medida unilateral provocada por Trump e Netanyahu “pode produzir uma série de retrocessos nas relações entre Israel, a Comunidade Europeia e os EUA” e também “tensionamentos inéditos entre os diversos grupos da sociedade israelense e judeus do mundo”.
E destaca que “entre palestinos e israelenses, judeus e árabes, há setores amplos das populações comprometidos com a paz e a democracia. Tais setores devem estar engajados em constante diálogo para que a sedução de soluções simplórias e antidemocráticas saiam definitivamente das mesas”.
Segue o documento lançado pelo IBI na íntegra:
No contexto dos debates sobre a anexação unilateral de territórios palestinos pelo Estado de Israel, o Instituto Brasil-Israel considera importante expor e explicar o seu posicionamento, já se colocando à disposição para conversas, debates e esclarecimentos complementares.
Nesse sentido:
1. Reafirmamos nossa posição em relação à necessidade de alcançar uma paz justa entre israelenses e palestinos. Cremos que tal paz deve ser alcançada por meio de negociações diretas e reconhecimento mútuo, tendo no horizonte a necessidade da criação de um Estado Palestino independente ao lado do Estado de Israel, em paz, prosperidade e segurança.
2. Vemos com extrema preocupação declarações que defendam a anexação unilateral dos territórios palestinos em qualquer circunstância. O momento em que essa discussão se dá é ainda mais grave. A crise internacional decorrente da pandemia de COVID-19 pode produzir consequências inimagináveis no caso de decisões não negociadas. É hora de se investir na moderação e na responsabilidade. Atitudes de ruptura costumam promover resultados que beneficiam o extremismo e as forças reacionárias, ainda muito ativas no Oriente Médio.
3. Acreditamos na necessidade de que israelenses e palestinos debatam diretamente suas futuras fronteiras. Esse processo, sabemos, é difícil e complexo e, por isso, demorado e gradual. Ainda mais em um mundo de instabilidades múltiplas.
4. Em termos regionais, a anexação unilateral pode produzir prejuízo nas relações entre o Estado de Israel e países árabes com os quais vem aumentando seus contatos e normalizando suas relações.
5. No que se refere aos palestinos, a decisão unilateral pode causar enfraquecimento e dissolução da Autoridade Nacional Palestina, com o consequente fortalecimento do Hamas, com mais violência e atos terroristas.
6. A Jordânia, parceira estratégica para Israel, poderia ter seu regime desestabilizado e comprometer a estreita colaboração de segurança com Israel.
7. No cenário internacional mais amplo, a anexação unilateral pode produzir uma série de retrocessos nas relações entre Israel, a Comunidade Europeia e os EUA, além de contribuir sobremaneira para o fortalecimento de grupos que deslegitimam o Estado Judeu. Esses grupos, enfraquecidos ultimamente, receberiam uma justificativa para o aumento de suas atividades.
8. Internamente e nas relações com a diáspora judaica, a anexação unilateral pode produzir tensionamentos inéditos entre os diversos grupos da sociedade israelense e judeus do mundo. Daria poder a setores extremistas e messiânicos, enfraquecendo a democracia israelense.
9. A ideia de anexação unilateral é uma aventura inútil e perigosa. Esperamos que o governo de Israel reconsidere tais planos.
10. Entre palestinos e israelenses, judeus e árabes, há setores amplos das populações comprometidos com a paz e a democracia. Tais setores devem estar engajados em constante diálogo para que a sedução de soluções simplórias e antidemocráticas saiam definitivamente das mesas.