
Anti-ciência, conhecimento e pensamento crítico, militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) invadiram um evento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nesta quinta (27), no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), para agredir e coagir estudantes e professores. Ao menos seis homens interromperam a aula e atacaram estudantes e professores.
De acordo com informações do site Portal Porque, o grupo invadiu uma sala de aula durante mobilização estudantil pela implementação de cotas para pessoas trans na universidade. Com celulares nas mãos, eles entraram no IFCH filmando os estudantes e gritando ofensas como “viadinho do PT” e “esquerdista”.
Um estudante relatou ter sido agredido com socos no estômago e na região genital, enquanto o professor Rafael Rodrigues Garcia denunciou que foi empurrado e intimidado pelos criminosos.
Em nota, a Direção do IFCH afirmou que “não tolera, e não tolerará, que pessoas venham perturbar nosso ambiente de trabalho e estudo, nos intimidando, provocando, ameaçando, agredindo e depredando nossos espaços.”
De acordo com a nota, na ocasião a empresa que assegura a segurança do campus foi acionada e o grupo foi conduzido ao 4º Distrito Policial, onde o estudante e o professor prestaram depoimento. “Foi aberto um boletim de ocorrência pelos crimes de agressão física e homofobia. O diretor associado, Michel Nicolau, acompanhou todo o processo”, diz a nota que afirma que a universidade tomará todas as providências cabíveis, com o apoio incondicional de toda a a comunidade acadêmica.
Em solidariedade aos estudantes, professores e funcionários, a direção do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de Campinas repudiou o ataque à instituição. A organização lembra que já na segunda (24) a universidade foi alvo de ataque perpetrado pelo vereador Vinícius de Oliveira (Cidadania).
O parlamentar esteve no IFCH, ameaçando e coagindo estudantes, gravou vídeos acusando o espaço acadêmico de promover “doutrinação ideológica”, arrancou cartazes de protesto, retirou adesivos, gerando, no mínimo, um clima de tensão no local.essa postura também se repete nas redes sociais com o vereador difamando a instituição, seus professores e estudantes.
“Sua recusa ao diálogo e a exploração sensacionalista da imagem da universidade tiveram consequências graves, estimulando a violência e culminando, poucos dias depois, na invasão do IFCH por um grupo extremista que ameaçou estudantes e professores e agrediu um aluno. A extrema direita, em sua ofensiva reacionária, tem reiteradamente demonstrado desprezo pelo pensamento crítico, pela inclusão e pluralidade”, diz o PCdoB em nota.
Em ofício encaminhado a Câmara Municipal, o IFCH convidou todos os vereadores de Campinas para uma visita ao campus da Unicamp, especialmente ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. O ofício apresenta ao presidente da Casa, Luiz Rossini (Republicanos), uma reclamação formal sobre a conduta do vereador provocador.
“Como é de conhecimento público, o vereador supracitado vem se manifestando de forma inadequada, ferindo o decoro que se espera de um parlamentar e extrapolando suas funções. Em ações recentes, tanto presenciais quanto nas redes sociais, o vereador adotou a tática de provocação, agredindo verbalmente trabalhadores e estudantes e difamando o trabalho da Universidade Estadual de Campinas, universidade que, em seu próprio nome, projeta nossa cidade para o Brasil e para o mundo”, afirma o documento enviado ao presidente da Câmara.
“O vereador se valeu de um procedimento intelectualmente desonesto e politicamente antidemocrático com o propósito de desqualificar e difamar o trabalho de uma das mais importantes e renomadas universidades do país, que é orgulho da população campineira”, continua.
O IFCH conclui convidando “todos os vereadores da Câmara Municipal de Campinas para uma visita ao campus de Barão Geraldo da Unicamp, especialmente ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, onde teremos a honra de recebê-los”.