Intelectuais e artistas argentinos organizados no espaço Carta Aberta pedem ao Congresso Nacional que detenha o acordo que o governo está assinando com o Fundo Monetário Internacional, FMI. Mauricio Macri, passando por cima das exigências insuportáveis que esse órgão impõe, pediu um empréstimo de mais de 50 bilhões de dólares.
Em extenso documento, os artistas sublinham a necessidade de que o acertado entre o Executivo e o Fundo seja impedido porque “a definição de recorrer ao FMI e o empréstimo stand-by acordado significam o aprofundamento das políticas neoliberais do governo do partido Cambiemos. Os condicionamentos do acordo acentuarão as políticas de ajuste. Os serviços públicos continuarão subindo pela redução planejada de subsídios, aumentarão as demissões no setor público e as quedas do salário real dos trabalhadores nesse âmbito, serão cortados drasticamente, as transferências de recursos às províncias. A obra pública em andamento e prevista pelo Estado praticamente será suspensa com o impacto que isso provocará em termos de redução da atividade econômica”, afirmam.
Difundido no sitio www.cartaabierta.org.ar, o texto frisa que com esse acordo “o coração da política econômica ficaria fora da decisão cidadã, de seus governantes e representantes para ser definida por especialistas do organismo que opera como o grande auditor dos capitais financeiros globais”.
Os intelectuais chamam a todos os blocos parlamentares “que se proponham impedir a consumação da rendição ante o FMI, decidida pelos CEOs que governam, se pronunciem claramente comprometendo-se a que usarão todos os métodos eficazes, desde o voto negativo até a não concessão do quórum, para evitar a sanção de leis que viabilizem o acordo”.
“Uma conduta que não se alinhe nessa direção dividirá inevitavelmente águas entre aqueles que se identifiquem com a defesa de um rumo democrático, nacional e popular e outros que decidam ser a pseudo oposição dentro do regime neoliberal’, advertem.
Por último indicam que “é necessário opor ao programa do Fundo cujos pontos principais não podem omitir a reposição dos instrumentos de regulamentação do movimento de capitais, a recuperação do dispositivo regulatório do mercado de câmbios, a implementação de uma legislação que permita a intervenção e regulamentação do comércio exterior por parte do Estado…”
O Espaço Carta Aberta, surgido em março de 2008, está integrado por dezenas de personalidades da cultura, educação, jornalismo, ciências, cinema, artes e literatura, entre outras profissões e atividades.
Agustín Rossi, chefe da bancada de deputados da Frente para la Victoria-Partido Justicialista, assinalou que o acordo tinha sido feito “pelas costas do povo argentino. Esse acordo não tem legitimidade social nem popular. E se Macri não manda ao Congresso o acordo com o FMI, também não terá legitimidade política”.
“Com o FMI perdemos todos”, concluiu o deputado.
SUSANA SANTOS