Luciana Santos comanda o programa. Lula pediu uma Inteligência Artificial Brasileira
Os fatos recentes relacionados ao lançamento com sucesso, pela pequena empresa chinesa DeepSeek, de seu modelo de inteligência artificial que derrubou as ações das mastodontes do setor, revelam a importância econômica e geopolítica do domínio desta tecnologia.
A DeepSeek lançou um modelo de IA chamado R1. Este modelo é comparável em capacidade aos melhores modelos de empresas como OpenAI, Anthropic e Meta, mas foi obtido a um custo radicalmente menor e usando um número muito menor de chips de GPU de última geração. A empresa chinesa também tornou públicos os detalhes do modelo o suficiente para que outros possam executá-lo em seus próprios computadores gratuitamente.
O Brasil, atento a essas questões de domínio desta tecnologia, lançou em agosto do ano passado o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). O país busca o domínio desta tecnologia de última geração para que possa se desenvolver e atender ao pedido de Lula, da criação de uma Inteligência Artificial do Brasil.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DO BRASIL
A ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou a iniciativa em agosto do ano passado e disse ao presidente que a ciência brasileira cumpriria essa missão. Ela ressaltou que o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) teve sua proposta apresentada na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e foi abraçada pelo setor. “O Plano tem o objetivo de tornar o Brasil um modelo global de eficiência e inovação no uso de inteligência artificial (IA), inclusive no setor público”, disse ela.
Na ocasião, Luciana destacou que “existe uma verdadeira corrida para garantir o domínio dessa tecnologia. A inteligência artificial é um sistema na área de tecnologia da informação que reúne dados e que precisa ter infraestrutura de computadores para poder ter a capacidade de armazenar, sistematizar e ao mesmo tempo apresentar soluções para muitos desafios, desafios do cotidiano das pessoas”.
MELHORAR A VIDA DO POVO
“O PBIA tem o objetivo de ampliar, de acordo com Luciana Santos, a inclusão e a melhoria na vida do povo brasileiro, com capacitação e geração de empregos. “O Plano existe para dar respostas a isso, para poder focar onde terá maior impacto no emprego, para capacitar e, ao mesmo tempo, apontar novas oportunidades de emprego, porque vira uma cadeia produtiva também”, detalhou a ministra.
Assista a entrevista de Luciana Santos sobre a IA brasileira
“Ele pode melhorar a vida do povo brasileiro, num processo de inclusão e de soluções na saúde e na educação e, por isso mesmo, ele precisa ser brasileiro. O nosso plano procura, antes de tudo, ser um programa que faça o bem para todos, porque, como todas as novas tecnologias, elas podem ter riscos e podem ter oportunidades. Vamos nos agarrar às oportunidades”, evidenciou a ministra, realçando que a iniciativa deve ser adaptada à realidade brasileira.
INVESTIMENTOS DE R$ 23 BILHÕES
Com investimento previsto de R$ 23 bilhões entre os anos de 2024 e 2028, o Plano tem como meta o desenvolvimento de modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossas características culturais, sociais e linguísticas, para fortalecer a soberania em IA e promover a liderança global do Brasil. “Queremos ter uma linguagem própria, uma linguagem em português, que é um grande desafio, que não existe disponível — porque nós mesmos temos que aplicar”, destacou Santos.
Nesta terça-feira (28) a ministra Luciana Santos participou de um seminário sobre as aplicações da Inteligência Artificial na transição energética. “A inteligência artificial permite processar grandes volumes de dados, identificar padrões e modelar cenários futuros com alta precisão, o que é essencial para desenvolvermos estratégias de mitigação mais eficientes e baseadas na ciência”, afirmou.
Assista ao seminário sobre IA e Transição Energética
VANTAGENS BRASILEIRAS
O seminário contou com a participação do ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira. Ele mencionou eventos extremos recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas no Pantanal, alertando para a insuficiência dos compromissos atuais de redução de emissões. “A IA pode ser uma aliada crucial para enfrentar esse cenário, mas precisamos de grande compromisso e ambição”, pontuou.
Participantes do seminário destacaram as vantagens do Brasil. O uso da IA apresenta grandes desafios. Um deles é o alto consumo energético necessário para processar grandes volumes de dados. Erick Sperandio, pesquisador da Universidade de Surrey, alertou para a necessidade de tornar os modelos de IA mais sustentáveis e acessíveis, especialmente em dispositivos de ponta. “O Brasil tem enorme potencial para explorar a IA em áreas como hidrogênio verde e energia renovável”, destacou.