
“O Brasil não tem parcerias incondicionais”, afirmou o ministro das Relações Exteriores em debate na Câmara
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o interesse nacional “está sempre em primeiro lugar” e que o Brasil “não tem parcerias incondicionais”, respondendo às ameaças dos Estados Unidos de atacar a Justiça brasileira com sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Em relação a questões de ingerência no Brasil, quero relembrar palavras do Barão do Rio Branco: o Brasil não tem alianças, parcerias incondicionais. O principal é o interesse nacional, que está sempre em primeiro lugar”, declarou o chanceler durante uma reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que sanções contra o ministro Alexandre de Moraes estão “sob análise” e “há grande possibilidade de que isso aconteça”.
Mauro Vieira contou que enviou para Rubio uma “correspondência formal” para que fossem feitos esclarecimentos, mas o empregado de Donald Trump não respondeu.
“A correspondência chegou ao gabinete dele, mas não recebi retorno nem fui convidado para conversas. Ainda assim, deixei clara minha disponibilidade”, relatou.
“Isso não significa, entretanto, que as comunicações entre Brasília e Washington estejam interrompidas. Muito pelo contrário, seguimos com múltiplos canais de diálogo”, explicou.
As possíveis sanções contra Alexandre de Moraes são defendidas pelo campo de Jair Bolsonaro como forma de intimidar a Justiça brasileira e impedir a condenação do ex-presidente, que é réu por tentativa de golpe.
O filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, abriu mão de sua cadeira na Câmara dos Deputados para fazer lobby nos EUA pelas sanções contra Moraes. O STF abriu um inquérito para investigar a atuação de Eduardo contra a democracia brasileira.