“Interferir é crime”, afirmou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sobre as tentativas de Jair Bolsonaro de intervir politicamente na Polícia Federal para proteger sua família e seus aliados.
“A Polícia Federal deve ser respeitada e é nacional. Não é pessoal nem familiar”, disse Doria.
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, ao anunciar sua saída do governo Bolsonaro, denunciou Jair Bolsonaro por estar tentando intervir politicamente na PF ao demitir o diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo.
Moro mostrou uma conversa na qual Jair Bolsonaro mostrava uma matéria jornalística de que a PF estava investigando de 10 a 12 deputados bolsonaristas. Logo em seguida, Bolsonaro diz: “Mais um motivo para a troca”.
Em pronunciamento, Bolsonaro disse que queria um chefe da PF com o qual pudesse “interagir” e que lhe entregasse relatórios diários das investigações. Bolsonaro também acusou a PF de não ter agido corretamente nas investigações da facada que sofreu em 2018.
Para João Dória, “nenhum chefe do Executivo tem direito de interferir em áreas técnicas”.
“Entendo também que o Presidente da República do Brasil deve interagir com o povo e não com o chefe da PF. Deve interagir com a proteção à vida de milhões de brasileiros”, continuou o governador, durante coletiva de imprensa dada na segunda-feira (27).
Doria também defendeu os membros da Polícia Federal e o ex-juiz Sérgio Moro. “Transmito aqui a minha solidariedade a todos os integrantes da PF que ajudaram a ganhar a respeitabilidade da opinião pública brasileira ao longo da Operação Lava Jato com a colaboração do juiz Sérgio Moro”.
“O Brasil rejeitou a república dos companheiros. O mesmo Brasil rejeita a república dos amigos. Não devemos ser condescendentes nem com os companheiros nem com os amigos nessas circunstâncias”, completou.