
Os investigadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que os depoimentos dos réus no processo acerca do golpe de Estado, como Jair Bolsonaro e seus aliados do “núcleo crucial” da quadrilha, “fortaleceram” os fatos narrados na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), segundo informações são da TV Globo.
A principal questão nos depoimentos é a confirmação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, estiveram na reunião em que, segundo testemunhas, foi apresentado o decreto que instalaria uma ditadura no país para impedir a posse do presidente eleito democraticamente.
A reunião ocorreu no dia 7 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada.
De acordo com a Globo, a avaliação dos ministros do STF e investigadores ligados ao caso “é de que os acusados tentaram se descolar dos crimes, mas acabaram admitindo a presença nas reuniões em que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foi discutida a chamada ‘minuta do golpe’”.
Para eles, os fatos narrados pela PGR na denúncia foram “fortalecidos” com os depoimentos. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, voltou a afirmar que, na reunião, Bolsonaro apresentou a proposta de golpe para os comandantes das Forças Armadas.
Enquanto testemunhas, o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, confirmaram essa proposta que receberam.
Jair Bolsonaro admitiu no interrogatório que um documento com “considerandos” foi apresentado para os presentes na reunião.
“Isso foi colocado numa tela de televisão e mostrado e forma rápida ali… mas a discussão sobre esse assunto já começou sem força de modo que nada foi à frente. A ideia de que alguns levantaram seria um estado de sítio, por exemplo”, narrou,
Ele falou algumas vezes, de forma a tentar tirar sua importância, que o documento “não tinha cabeçalho, nem o ‘fecho’”.
O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, chegou a falar que as testemunhas devem ter se confundido e que um diálogo narrado pelo general Freire Gomes jamais – que se recusou a ouvir a proposta golpista – jamais ocorreu.
Paulo Sérgio contou que “o presidente mostrou um arquivo cheio de ‘considerandos’, que eram ações, eventos, coisas que aconteceram no governo do presidente, que ele se sentiu de uma forma prejudicado ou injustiçado”.
Para a PGR, essa foi exatamente a forma pela qual Jair Bolsonaro tentou pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe que planejava.
Os interrogatórios com os membros do “núcleo crucial” do golpe acabaram na terça-feira (10). Agora as defesas e PGR têm cinco dias para pedir novas diligências, que podem ou não ser autorizadas pelo STF.
Em seguida, ambas as partes devem apresentar suas alegações finais, documento no qual devem ser apresentados os argumentos finais pela condenação ou absolvição. Encerrado esse procedimento, a Corte poderá iniciar o julgamento.