“Ninguém vai ser de ninguém. E vai ser com todo mundo nu’”; “Ele me falou: ‘Vou te rasgar. Vai sangrar’”; e “Ele dizia, apontando para nós: ‘nessa viagem fulano vai pegar você, beltrano vai pegar você’. Foi nojento”, disse uma das vítimas
O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Guimarães, um dos mais próximos auxiliares de Bolsonaro, entregou nesta quarta-feira (29) ao seu chefe uma carta de demissão. Ele foi denunciado em mais um dos vários escândalos que tomam conta do atual governo. Desta vez o escândalo foi de assédio sexual e moral de servidoras da CEF.
Diversas funcionárias da instituição revelaram detalhes que mostram que Guimarães, além de fascista e de puxa-saco de Bolsonaro, é um tarado sem vergonha e descontrolado.
Adepto ferrenho do “mito” e de sua falsa pregação em prol da família, da moral e dos bons costumes, o falastrão mostrou claramente qual é a “moral” e os bons costumes que imperam nos gabinetes e no submundo do bolsonarismo.
Ele se achava completamente impune para ameaçar as mulheres que não se submetiam à sua sem-vergonhice. Não por outro motivo ele vivia ao lado de Bolsonaro nas lives onde o “chefe” cantava de galo e dizia não respeitar nem o mesmo Supremo Tribunal Federal.
Neste caso não deu nem tempo Bolsonaro colocar a cara no fogo pelo “amigo” pego no flagra assediando mulheres indefesas, assim como fez com o ministro da Educação e seus pastores que roubavam verbas do MEC.
Este episódio, que envolveu até mesmo a cena patética do presidente de Caixa recebendo uma servidora do banco apenas de cueca, revela bem o nível em que se encontra o final do governo Bolsonaro. Não que o começo fosse diferente, mas é que agora a podridão está sendo expelida com mais amplitude e intensidade.
Confira alguns relatos da vítimas:
“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”; “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele”; “Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”; e “Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava.”
“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange”, disse outra testemunha.
Uma outra servidora também relata que recebeu um convite para nadar. Ela afirma que o convite foi estranho e que entendeu que havia uma conotação sexual. Durante as viagens, Pedro Guimarães também a teria tocado de forma inapropriada: “Eu falei que não ia”; “Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”, denunciou.
Durante uma viagem, o presidente da Caixa também teria feito convites inapropriados, segundo um outra denunciante e outros 2 funcionários do banco: “Ele disse: ‘A gente vai fazer um carnaval fora de época (…) Ninguém vai ser de ninguém. E vai ser com todo mundo nu’”; “Ele me falou: ‘Vou te rasgar. Vai sangrar’”; e “Ele dizia, apontando para nós: ‘nessa viagem fulano vai pegar você, beltrano vai pegar você’. Foi nojento”, disse e vítima.
Depois de tudo isso, Pedro Guimarães, divulgou uma carta dizendo que era tudo mentira. Um comportamento bem típico de um bolsonarista. Seu chefe vive fazendo isso. Mesmo pego em flagrante, como ocorreu com seu telefonema ao ex-ministro Milton Ribeiro para obstruir a Justiça, Bolsonaro também negou tudo. Agora, o seu pupilo faz a mesma coisa com sua carta. Mente achando que alguém vai acreditar na sua versão.
O caso agora será investigado pelo Ministério Público Federal. O Ministério Público do Trabalho também vai apurar. “As acusações noticiadas não são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta”, escreveu.
Íntegra da carta do tarado
Leia abaixo a íntegra da carta de demissão que o presidente da Caixa Econômica Federal entregou nesta quarta-feira (29) ao presidente Jair Bolsonaro.
À população brasileira e, em especial, aos colaboradores e clientes da CAIXA:
A partir de uma avalanche de notícias e informações equivocadas, minha esposa, meus dois filhos, meu casamento de 18 anos e eu fomos atingidos por diversas acusações feitas antes que se possa contrapor um mínimo de argumentos de defesa. É uma situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade.
Foi indicada a existência de um inquérito sigiloso instaurado no Ministério Público Federal, objetivando apurar denúncias de casos de assédio sexual, no qual eu seria supostamente investigado. Diante do conteúdo das acusações pessoais, graves e que atingem diretamente a minha imagem, além da de minha família, venho a público me manifestar.
Ao longo dos últimos anos, desde a assunção da Presidência da CAIXA, tenho me dedicado ao desenvolvimento de um trabalho de gestão que prima pela garantia da igualdade de gêneros, tendo como um de seus principais pilares o reconhecimento da relevância da liderança feminina em todos os níveis da empresa, buscando o desenvolvimento de relações respeitosas no ambiente de trabalho e por meio de meritocracia.
Como resultados diretos, além das muitas premiações recebidas, a CAIXA foi certificada na 6ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), além também de ter recebido o selo de Melhor Empresa para Trabalhar em 2021 – Great Place To Work®️, por exigir de seus agentes e colaboradores, em todos os níveis, a observância dos pilares Credibilidade, Respeito, Imparcialidade e Orgulho.
Essas são apenas algumas das importantes conquistas realizadas nesse trabalho, sempre pautado pela visão do respeito, da igualdade, da regularidade e da meritocracia, buscando oferecer o melhor resultado para a sociedade brasileira em todas as nossas atividades.
Na atuação como Presidente da CAIXA, sempre me empenhei no combate a toda forma de assédio, repelindo toda e qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações. A ascensão profissional sempre decorre, em minha forma de ver, da capacidade e do merecimento, e nunca como qualquer possibilidade de troca de favores ou de pagamento por qualquer vantagem que possa ser oferecida.
As acusações noticiadas não são verdadeiras! Repito: as acusações não são verdadeiras e não refletem a minha postura profissional e nem pessoal. Tenho a plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta.
Todavia, não posso prejudicar a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral. Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a CAIXA, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à CAIXA e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Junto-me à minha família para me defender das perversidades lançadas contra mim, com o coração tranquilo daqueles que não temem o que não fizeram.
Por fim, registro a minha confiança de que a verdade prevalecerá.
Pedro Guimarães