A premiê inglesa, Theresa May, está sob forte pressão dos sindicatos, movimentos sociais, e conjunto da sociedade, para que tome medidas além da retórica para enfrentar as revelações dos Paradise Papers. A evasão da rainha Elizabeth II, em um país onde a presença da monarquia é muito forte, chocou muita gente. Além dela, outro protagonista do escândalo é o ex-tesoureiro do Partido Conservador, lord Michael Ashcroft, chave no financiamento das campanhas políticas de 2010, 2015 e 2017.
Também foram atingidos o príncipe Charles, o campeão mundial de Formula1, Lewis Hamilton, as empresas Apple e Nike. O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, sindicalistas, dirigentes liberal-democratas e até conservadores exigiram uma intervenção do governo contra a evasão fiscal direta e disfarçada e a rede de paraísos fiscais da Coroa.
May disse ser necessário “que as pessoas paguem o que devem impositivamente”, mas não fez nenhum movimento para abrir uma Investigação Pública ou registro público obrigatório para empresas offshore da família real, assinalou Marcelo Justo em reportagem publicada no jornal argentino Página 12. “Tomamos medidas para assegurar que haja mais transparência nas dependências e nos Territórios Britânicos de Ultramar”, disse May, sem dizer quais são as medidas.
Segundo ela, graças a tais medidas, teria aumentado a arrecadação em 160 bi de libras (US$ 190 bilhões) desde 2010. Mas, dia 7, o ex-ministro de Comércio (2010-2015), Vince Cabble revelou que David Cameron frustrou várias vezes suas iniciativas para limitar atividades dos paraísos fiscais vinculados à Coroa (desde as ilhas Cayman e Bermudas até Man e Jersey, todas protagonistas dos Paradise Papers). May não teve como arguir sobre o fato do ex-tesoureiro de seu partido, lord Michael Ashcroft ter contas nas Bermudas de mais de US$ 450 milhões e forjado endereço para aproveitar isenções e pagar menos impostos.